Ronaldo Fenômeno foi escolhido pelo governo da China para ajudar o país a se transformar em uma potência do futebol até 2050. A Ronaldo Academy, a escola do jogador, assinou um convênio com as secretarias de educação de seis províncias chinesas para ensinar futebol como um complemento curricular das aulas de educação física.

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Em pouco mais de um ano, já são 33 unidades espalhadas por localidades como Hebei, Sichuan e Henan. Deste total, 30 estão dentro das escolas chinesas. O número é maior até que as unidades no Brasil – hoje são 31. Ronaldo é pioneiro nesse formato, o de ensinar futebol dentro das escolas. Seu “concorrente” mais forte é o português Luís Figo, que tem 15 unidades no formato tradicional. Na China, as mensalidades giram em torno de US$ 100 (R$ 320).

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O gigante da Ásia é apenas um marco da expansão mundial do negócio de Ronaldo. Ao todo, são 74 escolas no mundo, criadas no sistema de franquia em parceria com o empresário Carlos Wizard. Nos demais países, ao contrário do que acontece na China, as unidades adotam o formato tradicional com uma estrutura própria, com quadras e campos, para as aulas.

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As unidades têm a mesma cara no mundo todo. As quadras são decoradas com banners que retratam momentos importantes da carreira do jogador. Na entrada, frases como “o foco não é ensinar habilidades do futebol para pessoas, mas sim formar cidadãos através do futebol”. Em vários pontos das quadras, a marca R9 e o lema “Be phenomenal”, em inglês. “O objetivo é fazer com que o aluno se sinta ‘em casa’ em todas as unidades’, disse Rafael Bertani, CEO da Ronaldo Academy.

Todos ali preferem o termo “academia” a “escolinha”. Para eles, a academia possui “uma matriz filosófica que desenvolve a maturidade, educação, capacidade objetiva, disciplina, eficiência e foco em resultados”. No Brasil, a abertura de uma franquia custa entre R$ 300 mil e 500 mil. Em troca, o dono da escola recebe a customização das quadras e uniformes e a vantagem de estampar a “marca” Ronaldo. Hoje, a média é de 200 alunos por unidade. Aqui, os preços variam de acordo com a região entre R$ 150 e 200.

Na infinidade de negócios do ex-jogador – marketing esportivo e gestão de imagem, futebol nos Estados Unidos, mídia digital, investimentos imobiliários, mercado publicitário, além dos patrocínios pessoais -, as academias recebem atenção especial. Ronaldo acompanha de perto as unidades, esteve presente na maioria das inaugurações e participou do encontro recente com os franqueados em Águas de Lindoia (SP). Seu próximo passo é bater cartão na abertura na Flórida, nos Estados Unidos.

O ex-jogador conta que decidiu abrir escolas de futebol para tentar retribuir o que conquistou e “motivar as crianças a realizar seus sonhos”. Ronaldo despista quando questionado se é mais fácil ser atacante – ou empreendedor. “Ao longo da minha carreira como jogador, tive a oportunidade de conhecer muitos empresários. Fiz grandes amigos, fechei negócios e sigo aprendendo como empreendedor”, disse o ex-jogador em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo.

PLANO – Na China, a atuação de Ronaldo está inserida no plano estratégico traçado pela federação de futebol local, que pretende investir em 20 mil centros de treinamento e 70 mil campos até 2020. Eles querem construir um campo de futebol para cada 10 mil habitantes até 2030. Neste período, o objetivo é colocar o futebol masculino entre os melhores da Ásia, enquanto que o time feminino deve ser um dos melhores do mundo.

Ronaldo afirma que a conquista do penta com a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2002, disputada no Japão e na Coreia do Sul, abriu as portas. “A China é um país muito querido, que sempre me recebeu muito bem. Com a Copa de 2002, na Coreia e no Japão, o futebol ganhou maior projeção na Ásia e as pessoas se apaixonaram pelo esporte. Nos últimos anos, o interesse aumentou. Identificamos a demanda e abraçamos a oportunidade de elevar o nível do futebol chinês, trabalhando na formação”, disse o segundo maior artilheiro da seleção brasileira com 67 gols em 105 jogos.

A China quer ter 50 milhões de “boleiros” em quatro anos. A partir daí, a ideia é pinçar uma seleção nacional. Até 2050, o país deve se transformar “em uma superpotência de primeira linha” que “contribui para o mundo do futebol”. Esses são trechos do plano estratégico da Federação Chinesa de Futebol.