Foram quase seis horas de julgamento. Nilton e Wellington bem que tentaram se explicar, mas não escaparam da punição. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) considerou os dois jogadores do Internacional culpados pelo uso de doping e decidiu puni-los com cinco meses de suspensão dos gramados.
A Quarta Comissão Disciplinar do STJD ouviu as explicações dos atletas e, ao menos, afastou a possibilidade da pena máxima de quatro anos de afastamento. Além disso, a punição é retroativa à suspensão preventiva aplicada no dia 9 de novembro, quando o doping dos atletas foi confirmado. Com isso, eles já cumpriram quase um mês dos cinco previstos e poderão voltar a jogar em abril.
A decisão pelos cinco meses de afastamento foi sugerida pelo auditor Leonardo Andreotti e acompanhada pelo auditor Marcelo Coelho e pelo presidente Wanderley Godoy. O Inter ainda pode recorrer ao Pleno do STJD e, em último caso, à Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça.
Mas o fato é que o tribunal ouviu o que Nilton e Wellington tinham para dizer na última sexta-feira e, por isso, afastou a possibilidade de pena máxima. Nilton garantiu que o doping constatado foi fruto de uma proteína que o auxilia na recuperação após cada treino.
“Faço uso da proteína por todos os clubes que cheguei a passar e isso nunca escondi. Sempre após os treinamentos, jogos e trabalhos de musculação faço uso da proteína. Pelo Corinthians, Vasco, Cruzeiro e atualmente no Internacional. Sempre me cuidando e procurando saber o lote e a especificação da proteína. Eu e minha esposa, formada em educação física, procuramos saber mais. Vimos em site também que essa proteína é conhecida mundialmente”, declarou.
Wellington confirmou a história e revelou que também ingeriu a substância proibida através da proteína sugerida pelo colega. “Nunca tinha feito uso. Após minha terceira lesão de ligamentos cruzados, vinha sentindo um desgaste maior que não o normal. Vi algumas vezes o Nilton tomando no vestiário e ele me falou o que era. Resolvi tomar e fiz uso umas duas ou três vezes. Não cheguei a perguntar porque achei que era normal e ele não iria tomar algo proibido perto de tanta gente.”
Os dois jogadores ainda garantiram que não receberam qualquer orientação sobre doping, desconhecem a lista de substâncias proibida da Agência Mundial Antidoping (Wada) e admitiram o temor com o atual momento: “A responsabilidade cai toda sobre nós”. As explicações e a atuação do advogado do Inter, Rogério Pastl, além do representante dos próprios atletas, Andre Ribeiro, foram suficientes para impedir uma pena mais longa, mas não para absolvê-los do caso.