Wander Roberto/VIPCOMM
Rogério Ceni, o preparador físico Carlinhos Neves e Aloísio comemoram o título do Brasileirão 2007.

O futebolista paranaense com maior coleção de troféus relevantes acaba de incrementar seu acervo. O curitibano Luiz Carlos Neves, ou Carlinhos Neves, 50 anos, preparador físico do São Paulo, conquistou nada menos que o quarto campeonato brasileiro na quarta-feira ? já vencera em 1993 e 94 pelo Palmeiras de Luxemburgo e em 2006, também pelo tricolor paulista.

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Somem-se a essas taças a Libertadores e o Mundial de Clubes de 2005, quatro campeonatos paulistas, três paranaenses, a Série B de 1992 pelo Paraná Clube e várias outras para se dimensionar a rotina vitoriosa de Carlinhos. ?Em nove anos trabalhando no futebol paulista ganhei 11 títulos. Acho que é uma boa média, né? Mas não sou de me acomodar. Sempre busco novos objetivos?, disse o preparador, que de folga em Florianópolis, descansando com a família, falou com o Paraná-Online sobre mais uma conquista, compartilhada com outros nascidos no Paraná ou revelados no futebol do Estado (o goleiro Rogério Ceni, os zagueiros Miranda e André Dias, o meia Fredson e os atacantes Borges e Dagoberto).

Paraná-Online: Pelo segundo ano seguido o São Paulo sobra no Brasileirão. Qual o diferencial em relação aos demais?

Carlinhos: É um clube que investe nas pessoas e valoriza o profissional de cada departamento. É uma ferramenta importantíssima para quem vem de fora, que são o treinador e o auxiliar. E há vários outros fatores, como a estrutura física, o CT, o planejamento financeiro rigoroso, a boa reposição de jogadores, um estádio capaz de gerar receitas.

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Paraná-Online: Alguns críticos atribuem parte desse sucesso à prática de aliciar jogadores em litígio com outros clubes.

Carlinhos: Não vejo assim. O São Paulo tem uma grife, o jogador opta por vir para cá. O Miranda, por exemplo, foi indicação minha, mas logo o Inter apareceu. Ele escolheu o Morumbi e virou um ídolo tão ou mais importante que o Lugano. Não é culpa do São Paulo.

Paraná-Online: Há planos de se estabelecer uma supremacia duradoura no futebol nacional?

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Carlinhos: Não dá para prever. E se pensarmos assim a coisa começa a andar para trás. É preciso buscar um objetivo por vez. Apesar de todas as conquistas, nenhum de nós tem vergonha de aprender e melhorar. Antes de nos empolgarmos com este título já projetamos o ano que vem.

Paraná-Online: Rogério Ceni parece ser o ícone desta mentalidade dentro de campo?

Carlinhos: Além de ser um grande goleiro e excelente profissional, ele tem essa inquietude, nunca se dá por satisfeito. É algo compartilhado pelo treinador, por mim e até pelo presidente. Ninguém ?se acha? por causa dos títulos.

Paraná-Online: Você é o primeiro preparador físico paranaense a se destacar nacionalmente, e hoje vários técnicos do Estado brilham no País. Acha que ajudou a criar uma escola paranaense?

Carlinhos: Não me considero um precursor, simplesmente segui minha carreira. Mas é inegável que à medida que você é reconhecido e ganha o respeito das pessoas cria-se uma forma de pensar em relação a sua origem. Isso é mais visível com os treinadores, que apareceram para o País principalmente depois do Levir (Culpi).

Paraná-Online: A presença de vários jogadores paranaenses no São Paulo também prova a evolução do Estado?

Carlinhos: Sempre brinco que quando juntam-se quatro ou cinco do Paraná é título certo. É um sinal do potencial do Estado.

Paraná-Online: A seleção ainda é uma ambição?

Carlinhos: Já tive uma experiência em 2003 (com a seleção pré-olímpica de Ricardo Gomes). Sei como as coisas acontecem ali dentro. Em termos de experiência uma Copa do Mundo seria fantástico, mas não é algo que me tira o sono. Estar há tanto tempo no São Paulo  já me realiza.

Paraná-Online: O São Paulo vai dar férias aos titulares, como em 2006?

Carlinhos: Não. Seria muito tempo de inatividade. O ritmo de trabalho será mais leve e um ou dois podem ser poupados em cada partida, mas até a última rodada (contra o Atlético, na Baixada) todos estarão à disposição do Muricy.