No pior golpe já sofrido pelo movimento olímpico brasileiro, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta sexta-feira que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) está suspenso e afastou o seu presidente, Carlos Arthur Nuzman, de suas funções diretivas. Nuzman está preso provisoriamente no Rio de Janeiro, por suspeita de corrupção. A decisão, no entanto, permite que os atletas brasileiros possam continuar a representar o País nos Jogos de Inverno de 2018. Não se sabe ainda, entretanto, se isso poderá ocorrer com a bandeira do Brasil.

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A decisão foi adotada pelo Conselho Executivo do COI nesta sexta-feira, depois de avaliar as alegações da polícia sobre os dirigentes brasileiros e a suposta compra de votos pelo Brasil para sediar os Jogos de 2016.

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Sobre Nuzmam, o COI indicou que ele está suspenso provisoriamente de todos os seus “direitos, prerrogativas e funções derivadas de seu cargo de membro de honra do COI”. Ele ainda foi afastado da Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio.

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Mas as medidas adotadas pelo COI não se limitam ao dirigente. E a máxima entidade olímpica decidiu suspender o próprio COB de toda sua relação com o órgão internacional. “O COB e seu presidente, Carlos Nuzman, foram responsáveis pela candidatura do Rio de Janeiro em 2009. Portanto, o Conselho Executivo do COI toma as seguintes medidas com efeitos imediatos: suspender provisoriamente o COB”, justificou o COI em nota oficial distribuída à imprensa.

De acordo com a regra 59 da Carta Olímpica, a suspensão significa que “todos os pagamentos e subsídios do COI para o COB estão congelados”. Outra medida adotada é a de que o COB não será autorizado a exercer seus direitos de membro entre as associações de comitês nacionais olímpicos.

Se os dirigentes brasileiros estão sendo punidos, o COI insiste que os atletas não ficarão de fora das competição. “Para proteger os interesses dos atletas brasileiros, essa decisão não afetará os atletas”, prometeu. Portanto, o COI “aceitará um time olímpico brasileiro nos Jogos de Inverno de Pyeongchang em 2018 e em todas outras competições sob o guarda-chuva do COB com seus direitos e obrigações”.

Essa suspensão será encerrada quando problemas de governabilidade do COB tenham sido resolvidos de “forma satisfatória” e sejam assim considerados pelo COI.

DINHEIRO – Conforme a reportagem do Estado antecipou em sua edição desta sexta-feira, o COI ainda está suspendendo todos os repasses ao Brasil, inclusive para cobrir o rombo do Comitê Rio-2016.

Para justificar a decisão, o COI aponta que tanto Nuzman como Leonardo Gryner, também preso e que era diretor-geral do Comitê Rio-2016, estavam no comando do Comitê Organizador dos Jogos por “muitos anos”. “O COI encerra todas suas obrigações com o Comitê Organizador em dezembro de 2016, como confirmado”, disse.

De acordo com a entidade com sede em Lausanne, na Suíça, a contribuição que foi dada pelo COI ao Rio “extrapola de forma significativa suas obrigações contratuais”. Na época, o dinheiro – cerca de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 4,7 bilhões) – foi fornecido “considerando a grave crise afetando o país”.

“O COI suspende provisoriamente todas as demais relações com o Comitê Organizador”, disse a entidade, considerando também que essa suspensão será revista somente quando os problemas de governança sejam resolvidos.