Com praticamente todas as competições esportivas do mundo paradas, o Comitê Olímpico Internacional divulgou um comunicado nesta terça-feira (17) em que afirma manter a programação original dos Jogos de Tóquio-2020, cuja cerimônia de abertura está marcada para 24 de julho.
“A mais de quatro meses dos Jogos, não há necessidade de decisões drásticas nessa fase, e qualquer especulação neste momento seria contraproducente”, afirmou a entidade presidida pelo alemão Thomas Bach.
Mais cedo, as organizações da Eurocopa e da Copa América de futebol, que seriam realizadas de 12 de junho a 12 de julho, transferiram os torneios para 2021.
Além da paralisação de quase todas as competições previstas para as próximas semanas que classificariam para a Olimpíada de Tóquio, atletas de vários países têm encontrado restrições para treinar e se manter em forma, já que muitos clubes, ginásios e academias foram fechados por causa da pandemia de coronavírus.
“Com essa paralisação, não acredito que iremos fazer um papel digno”, disse a nadadora espanhola Mireia Belmonte, medalhista de ouro na Rio-2016 e que não consegue usar as piscinas do seu país no momento.
Sobre esse tema, o comitê diz que “incentiva todos os atletas a continuarem se preparando para os Jogos Olímpicos da melhor forma que puderem” e que está em contato com as entidades de cada país para ajudá-los.
O COI se reuniu nesta terça com várias federações internacionais para flexibilizar critérios de classificação originalmente adotados para as modalidades. De acordo com o comitê, 57% das vagas para os Jogos estão preenchidas, e as regras para definir as demais 43% poderão mudar.
Uma possibilidade seria usar rankings mundiais e resultados de competições passadas, como por exemplo os Jogos Pan-Americanos, para definir vagas continentais.
O comunicado divulgado nesta terça pelo COI cita uma declaração do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, após conversar com líderes do G7 e, de acordo com o comitê, ter recebido o apoio deles: “Eu quero realizar a Olimpíada e a Paraolimpíada perfeitamente, como prova de que a raça humana irá superar o novo coronavírus”.
Um dos vice-presidentes do Comitê Olímpico do Japão, Kozo Tashima, disse nesta terça que contraiu o vírus, mas que está bem e seguindo o tratamento recomendado pelos médicos.
Considerando a região onde está localizado, o Japão soma relativamente poucos casos de infectados por coronavírus, com 814 contágios confirmados e 24 mortes registradas. Os habitantes de Tóquio, porém, começam a mostrar um certo receio com a iminente chegada de visitantes estrangeiros para os Jogos.
“Mesmo se o Japão conseguir dar a volta por cima nessa crise, não deveríamos receber visitante do mundo inteiro”, ponderou Koki Miura, 27, funcionária de uma empresa de serviços de internet, entrevistada pela AFP nesta segunda-feira (16) nas ruas de Tóquio.
“Acredito que seria preferível deixar [a pandemia] passar”, completou, sugerindo um adiamento dos Jogos em vez do cancelamento do evento. “Não podemos sacrificar a vida das pessoas por isso.”
“Pessoalmente, acredito que seria melhor adiar os Jogos por um ano, como sugeriu o presidente [dos Estados Unidos] Trump. Olhem o pânico atual”, afirmou o aposentado Masao Sugawara, 90.
“Com exceção da guerra, nunca havia estado tão preocupado”, completou, ressaltando que um adiamento dos Jogos seria “decepcionante”.
Em uma enquete com 1.000 participantes publicada nesta segunda pela agência de notícia japonesa Kyodo, 69,9% das pessoas indagadas afirmaram não acreditar que Tóquio poderá sediar os Jogos nas datas previstas.
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