O Comitê Olímpico Internacional (COI) pode banir federações esportivas russas se ficarem provadas as alegações publicadas pelo jornal norte-americano New York Times, que incluem a revelação da forma como o governo do país ajudou e encobrir um esquema de doping sistemático de atletas da Rússia nos Jogos de Inverno de Sochi.

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Nesta quarta-feira, o presidente da entidade, Thomas Bach, anunciou a abertura de investigações sobre o laboratório da cidade russa e apelou para que todos aqueles que tenham informações, a compartilhem com o COI.

“O resultado da investigação vai influenciar de forma importante a natureza da participação dos russos no Rio”, disse Bach. “Se houver evidências de um sistema organizado contaminando outros esportes, o COI pode tomar a decisão difícil entre optar pela responsabilidade coletiva ou a justiça individual”, declarou.

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Para o presidente do COI, o resultado da investigação pode significar que a presunção da inocência mesmo para aqueles atletas que não foram pegos nos exames pode ser “revertida”.

Imediatamente após a declaração de Bach, o Kremlin garantiu lamentar que atletas não foram pegos nos controles de doping. Mas insistiu que a exclusão seria “injusta” com aqueles que “por anos treinaram para os Jogos do Rio” e negou qualquer tipo de envolvimento na organização no escândalo.

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Já a Agência Mundial Antidoping vem alertando que seus técnicos e investigadores estão tendo sérios problemas para ter acesso aos locais com amostras, inclusive com ameaças de que seus vistos sejam retirados.

Bach espera que a investigação seja concluída antes dos Jogos no Rio e não descarta que federações esportivas sejam banidas. As informações reveladas pelo jornal norte-americano apontam como agentes da inteligência russa se fizeram passar por profissionais de controle de doping para permitir que os atletas locais não fossem pegos nos testes.

Se for verdade, Bach admite que isso seria um “nível inimaginável de criminalidade”. “Essa seria uma nova dimensão do doping”, alertou. As revelações apontaram que dezenas de atletas foram beneficiados, inclusive 15 medalhistas.

“Vamos agir não apenas contra os atletas, mas todos aqueles que os apoiaram”, disse Bach. Isso poderia envolver o afastamento definitivo do esporte, sanções financeiras e a “exclusão de federações nacionais inteiras”.

Hoje, a Federação de Atletismo da Rússia está banida dos torneios internacionais e no dia 17 de junho os dirigentes vão anunciar se Moscou terá ou não o direito de competir no Brasil nas provas de atletismo.

O COI está sendo pressionado a dar uma resposta diante da avalanche de casos de doping pelo mundo. Não por acaso, decidiu refazer testes de doping com amostras que haviam sido guardadas de atletas que competiram em 2008. Desses, 31 esportistas podem ser impedidos de competir no Rio de Janeiro, em agosto. A entidade ainda promete testar outras 250 amostras de atletas que estiveram em Londres para os Jogos de 2012.