Enquanto tenta recuperar a confiança de investidores após passar os últimos meses do ano passado vendo seu ex-presidente preso e suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o Comitê Olímpico do Brasil (COB) planeja a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio com um orçamento mais enxuto e com metas parecidas com as dos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e Pequim (2008). Para a competição que começará daqui a exatos dois anos, o COB pretende levar 250 atletas, número que representa pouco mais da metade dos 465 que disputaram a edição no Rio (2016).
No último ciclo olímpico, o comitê contou com cerca de R$ 700 milhões em repasses da Lei Agnelo-Piva, sendo que o montante dobrou com a injeção de recursos de patrocinadores privados. Agora, apesar de evitar cravar números, o COB estima que o repasse de recursos públicos será de até R$ 100 milhões a menos. Esta temporada, a aplicação direta no esporte até dezembro será de R$ 153 milhões.
Para agravar a situação, o comitê tem até o momento apenas dois patrocinadores privados, um para material esportivo e outro que oferece cursos e parcerias. Em nenhum dos casos há aplicação direta de dinheiro.
A expectativa, porém, é de melhora nas contas. “Recursos sempre serão uma grande preocupação. Após a Copa do Mundo, entendemos que as empresas voltarão os olhos para os Jogos de Tóquio”, diz Rogério Sampaio, diretor-geral do COB.
Enquanto isso, o comitê trabalha no enxugamento de gastos. Desde que o ex-presidente Carlos Arthur Nuzman renunciou, em outubro do ano passado, a nova gestão reduziu consideravelmente o quadro de funcionários e renegociou contratos. “Alguns setores estavam inchados, tinha muita gente. Em outros, os salários estavam bem gordinhos. Quando cheguei aqui, tínhamos 263 funcionários na folha (de pagamento). Hoje são 205”, afirma Paulo Wanderley Teixeira, presidente do COB. Ele cita ainda a redução nos custos com TI (Tecnologia da Informação), de R$ 8,5 milhões/ano para R$ 2,7 milhões em 2018.
Em meio a essa realidade, bem diferente do que foi 2016, o COB trabalha para levar o Time Brasil para a Olimpíada de Tóquio. “Estimamos que nosso número de atletas seja em torno de 250, próximo à média anterior ao Rio”, diz Jorge Bichara, diretor executivo de Esportes. Ele lembra que na Olimpíada do Rio o número de competidores foi maior (465) porque o Brasil tinha vaga assegurada em praticamente todas as modalidades. O Time Brasil contou com 257 atletas em Londres-2012 e outros 277 em Pequim-2008.
A previsão de medalhas não foi anunciada pelo COB. Em 2016, o Brasil conquistou 19 pódios, longe do estipulado pela própria entidade, que previa 27 medalhas e o Top-10 no quadro final. O País acabou em 12.º.
Agora, a estimativa ficará para a véspera da Olimpíada. “A questão da meta a gente vai divulgar apenas no fim de 2019, após a final de todas as competições mundiais”, diz Bichara, sem antecipar se o COB espera um desempenho melhor do que foi no último evento. “É um desafio enorme, que somente um país conseguiu na história olímpica. Foi a Grã-Bretanha”, salientou. Em 2012, os ingleses conquistaram 65 medalhas na Olimpíada sediada em Londres. Nos Jogos do Rio, eles chegaram a 67 e desbancaram a China no segundo posto.