As redes sociais têm sido aliadas ainda mais fortes dos clubes na aproximação com os torcedores em tempos de pandemia, sem a presença do público nos estádios. De acordo com levantamento do IBOPE, o desempenho dos clubes nas mídias sociais em 2020 já supera 2019. O momento tem influência direta nisso.
Imagens de bastidores, ações de conscientização e, por vezes, descontração. É assim que Athletico, Coritiba e Paraná estão utilizando as mídias digitais nesse período. No ranking do IBOPE, o Tricolor aparece com um agregado de 477.907 seguidores, o Coxa tem 1.703.036 e o Furacão 2.805.267. As mídias utilizadas para o diálogo com o público são Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e TikTok.
Mundo digital + mundo real
A paralisação do futebol no país por causa do coronavírus obrigou os clubes a buscar formas para manter o interesse dos torcedores em alta, além de conscientizar sobre a doença. O Paraná foi um dos primeiros a se posicionar sobre os cuidados com a Covid-19.
“Utilizamos nossos jogadores e médicos para falar com nossos torcedores sobre a importância de se cuidar neste período delicado”, explicou Rodrigo Sanches, gestor de redes sociais paranista.
Um dos vídeos veiculados pelo clube de maior impacto, na opinião de Sanches, foi quando o Brasil atingiu o número de mortes que superaria a capacidade da Vila Capanema. “Produzimos um vídeo mostrando isso. Este vídeo repercutiu não somente entre nossa torcida, mas no Brasil todo”.
Como forma de incentivo ao uso das máscaras de proteção, o Paraná também promoveu o Drive Thru Tricolor, uma ação que começou online e terminou presencialmente. Os torcedor foram à Vila Capanema de carro e, seguindo os protocolos de segurança, mataram um pouco da saudade do estádio e garantiram as máscaras do time.
Mantendo a paixão
No Coxa, o período sem jogos foi importante para a reformulação da área de marketing e comunicação. O resultado foi a criação de diversas campanhas de interação e apoio.
“No período de pandemia nosso time de mídias criou ações específicas como por exemplo o ‘Dia de Coxa’, em que os nossos torcedores são convidados a enviar vídeos vestidos com as cores do clube enviando energia positiva ao time”, detalhou Rafael Saling, diretor de marketing.
Algumas ações nos últimos meses que saíram das redes sociais foram de doação de sangue, combate à homofobia, doação de alimentos e máscaras, divulgação de pequenos empresários nas redes sociais para ajudar em um momento delicado da economia e utilização dos espaços de mídia, entre eles outdoors com parceiros locais para promover a conscientização da prevenção contra a Covid-19.
“Nossas ações de marketing durante o período serviram também para manter a chama da paixão do torcedor vinculado acesa”, reforçou o diretor.
Números recordes
De acordo com o levantamento do IBOPE divulgado no início deste mês com os números dos 50 clubes brasileiros mais relevantes dos meios digitais, mesmo em meio à pandemia houve um desempenho maior que no mesmo período do ano passado.
No terceiro trimestre de 2020 foram registrados 19,3 milhões de novos inscritos nas contas oficiais dos times monitorados, contra 19,1 milhões em todo o ano de 2019.
Débora Saldanha, especialista em Mídias Sociais e Marketing Esportivo, afirma que esse crescimento tem ligação direta com a pandemia.
“Os clubes precisaram pensar em maneiras de manter o público próximo, interessado e, principalmente, garantir o sócio torcedor em dia. Gerar conteúdo sem ter o futebol e depois, sem ter o público nos estádios, foi um desafio, mas quem soube aproveitar, despontou”, explicou.
A especialista destaca que no período sem jogos, os clubes se preocuparam em manter o interesse do público trazendo desafios no estilo quizz, informações históricas e curiosidades. Assim que o calendário foi retomado, a aposta foi nos conteúdos que priorizam os bastidores.
A sacada do TikTok
O mais novo entre as redes sociais, o TikTok tem conquistado público de uma forma muito rápida. A música, a descontração e a forma diferente de trazer conteúdos até certo ponto engraçados faz com que a plataforma angarie cada vez mais seguidores.
“Entramos em julho e em 30 dias já tínhamos conseguido 15 mil seguidores, número que se repetiu nos meses seguintes”, comentou Sanches, gestor do Paraná.
Débora afirma que justamente o TikTok pode explicar o aumento nos números do levantamento do IBOPE.
“Até o início do ano eram apenas poucos clubes que utilizavam. Durante a pandemia tivemos um ‘boom’, aproveitando a informalidade que esse rede traz. Até mesmos clubes sem uma grande estrutura podem usar apenas um celular e criar vídeos voltados ao entretenimento”, declarou.
Outro ponto essencial trazido pela especialista diz respeito à importância de engajar aqueles que utilizam o TikTok. A média de idade dos usuários varia entre 10 e 18 anos.
“O público que está lá é muito jovem e gasta o tempo em outros ambientes que não são o do futebol, como o dos e-games, por exemplo. Os clubes precisam atingir a essa nova geração, pois lá na frente são eles que vão consumir os produtos do time, que serão sócios-torcedores”, especificou Débora, que aprova todas as iniciativas dos times.
“Todas as tentativas de uso dos meios digitais são muito válidas. O papel fundamental que estão desempenhando na pandemia é o de atualizar os torcedores e de manter a paixão pelos clubes viva”, arrematou.
Convidado a comentar sobre as estratégias utilizadas nas redes sociais, o Athletico preferiu não participar.
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