Clubes recebem delegações estrangeiras para Olimpíada e esperam geração de legado

A Olimpíada será uma grande oportunidade para alguns clubes brasileiros e universidades que possuem uma boa estrutura de treinamento. As delegações estrangeiras já estão negociando e acertando espaços exclusivos para fazerem suas aclimatações antes dos Jogos do Rio. E muitos clubes já olham para o dinheiro que vai entrar como uma chance para preparar futuros atletas para as edições de 2020 e 2024.

É o caso do Pinheiros, Flamengo, Paineiras, Hebraica, Clube Naval Charitas e Minas Tênis, só para citar alguns. Nenhum deles revela quanto vai receber, pois existe um contrato de confidencialidade entre as partes, mas estima-se que o Comitê Olímpico Chinês pagará cerca de R$ 12,6 milhões para o Pinheiros, enquanto os Estados Unidos gastará R$ 5,4 milhões para ficar com algumas modalidades no Flamengo.

“A verba será utilizada para garantir o sucesso da operação. Isso inclui as intervenções necessárias em nossas instalações para atendermos as 14 modalidades da delegação chinesa, compra de equipamentos, operação e logística de alimentação, e contratação de pessoal ou serviços especializados das diferentes áreas envolvidas, caso necessário”, diz Roberto Cappellano, presidente do Clube Pinheiros.

Cezar Roberto Leão Granieri, presidente do Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo (Sindi-Clube), explica que os clubes paulistas são os maiores formadores de atletas olímpicos e podem se lucrar com a presença dos estrangeiros em suas sedes.

“São diversos os benefícios para essas agremiações, e podem ser mensurados de muitas formas. Em alguns casos, há contrapartidas financeiras, que poderão ser direcionadas para investimentos, como a compra de equipamentos e ampliação da estrutura existente. Outro aspecto importante, que costuma fazer parte dessas parcerias, é a possibilidade de trocar conhecimento, que gera um ganho inestimável no aspecto técnico para nossos atletas, por meio dessa convivência.”

No Rio, o Flamengo firmou parceria com o Comitê Olímpico Norte-Americano e está reformando boa parte de sua sede na Gávea para receber atletas de basquete, vôlei, handebol, rúgbi e ginástica artística. Os três ginásios estão passando por obras, e o investimento vem todo dos Estados Unidos. O clube não confirma valores, mas o jornal O Estado de S. Paulo apurou que o investimento norte-americano é de aproximadamente US$ 1,5 milhão (aproximadamente R$ 5,4 milhões). O montante vai para um caixa à parte das demais receitas e é revertido para o projeto olímpico.

“O Flamengo queria modernizar suas instalações, e está aproveitando a Olimpíada para isso”, disse o vice-presidente de Esportes Olímpicos do clube, Alexandre Póvoa. “Nós queremos usar o ciclo olímpico para investir fortemente no pós-Olimpíada. Queremos voltar a ser um clube formador para nos tornarmos o maior fornecedor de atletas para o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2020 e 2024.”

Além da reforma na estrutura física, a parceria também envolve troca de experiências entre os treinadores americanos e do Flamengo. “Queremos aproveitar o know-how deles”, afirmou Póvoa. Quase todo o valor está sendo usado na modernização na sede, mas uma pequena parte será utilizada em ações de marketing. “Eles não queriam apenas um lugar para treinar. Eles queriam aproveitar um pouco da popularidade do Flamengo para se aproximar da torcida brasileira.”

Já em Belo Horizonte, o Minas Tênis Clube firmou parceria com a delegação olímpica e paralímpica britânica para utilização de suas sedes antes e durante os Jogos Olímpicos. O clube já recebeu atletas da equipe de canoagem para treinos e aclimatação no Minas Náutico, uma de suas unidades.

PREPARAÇÃO – Para receber atletas de Israel e Japão, o Clube Hebraica, em São Paulo, também já vive um clima de Olimpíada mesmo a alguns meses dos Jogos. Para o gerente-geral de esportes, Carlos Inglez, todos no clube estão felizes por fazer parte deste momento. “Não temos solicitações específicas das delegações. As únicas coisas que estão sendo feitas são a troca das raias da piscina olímpica e a aquisição de alguns novos aparelhos de musculação para nosso Fit-Center”, conta.

No Clube Pinheiros, o trabalho para receber atletas chineses de 14 modalidades diferentes será grande. “Uma particularidade é que o nosso salão de festas, tradicional por receber importantes eventos do clube e artistas, será o ‘QG’ da delegação. Nele, teremos salas de atendimento à imprensa, escritórios, além do espaço para alimentação de toda a delegação. Será no salão, também, que a equipe de badminton fará seus treinos”, explica Cappellano.

Ele conta que o ginásio de handebol receberá dezenas de mesas e iluminação especial para a prática do tênis de mesa, esporte no qual os chineses são os melhores do mundo. “Recentemente, representantes do Comitê Chinês visitaram nossas dependências e ficaram bastante impressionados com alguns de nossos espaços, como a piscina olímpica, que já possui padrão internacional, o ginásio de esgrima e o ginásio da ginástica artística.”

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