O G-14, grupo formado pelos maiores clubes de futebol da Europa, estuda a possibilidade da realização da Copa do Mundo a cada dois anos, e não a cada quatro como ocorre atualmente. A proposta faz parte de um estudo sobre a reformulação completa do futebol mundial.
O Brasil, que se candidata para ser sede da Copa em 2014, seria o primeiro atingido pela proposta. Pelo estudo, a nova estrutura do futebol começaria a valer depois da Copa de 2010, na África do Sul.
Isso significaria que o Mundial seguinte ocorreria em 2012, e não em 2014.
Nesta semana, em Munique, a Fifa realiza seu congresso anual e, na agenda, está a definição sobre um calendário internacional para 2007 e 2008. Outro ponto da agenda é a relação entre a entidade máxima do futebol e o grupo de clubes milionários.
O G-14 é formado por clubes como Real Madrid, Juventus e Manchester United, e pede maior voz nas definições sobre o futebol mundial.
Mais espaço
Os cartolas se queixam de que a Fifa toma decisões sem consultar os clubes, que acabam sofrendo com o calendário e com a necessidade de liberar seus jogadores para as seleções.
O estudo sobre a reformulação do futebol foi encomendado pelo G-14 à consultoria Hypercube, que elaborou um documento com mais de 30 páginas. Segundo os assessores do grupo, se a Fifa der maior espaço de participação para os clubes e se tomar decisões mais favoráveis às equipes, o relatório sugerindo uma reforma do futebol poderia ser descartado.
?Não se trata ainda de uma política do G-14, mas sim de um estudo que encomendamos para que possamos repensar a estrutura do futebol?, alerta uma fonte do G-14. Já a Fifa prefere não comentar o documento.
Outra proposta é para que a Eurocopa também ocorra a cada dois anos, enquanto o Mundial de Clubes, uma criação da Fifa e que tem o São Paulo como atual campeão, seja realizado apenas a cada quatro anos. Com isso, as Eliminatórias para a Copa e para Eurocopa praticamente acabariam para a Europa.
As seleções seriam divididas em três divisões no continente europeu, com direito a rebaixamento. As 12 melhores equipes da Eurocopa se classificariam diretamente para a Copa do Mundo.
Proposta pode atrapalhar o Brasil
Genebra – Na prática, apesar do mundial ocorrer a cada dois anos, as seleções jogariam menos e, assim, os clubes não perderiam tanto com a ausência de seus craques.
Apesar de não tratar do Brasil, o relatório teria um impacto direto no País. A proposta obrigaria a CBF a acelerar os trabalhos para a construção de estádios e infra-estrutura.
A decisão sobre quem sediará a Copa seguinte ao mundial de 2010 na África do Sul ocorre em 2008. O que está certo é que a sede seria na América do Sul. Recentemente, os países da região enviaram uma carta à Fifa apoiando a candidatura brasileira. Mas o presidente da entidade, Joseph Blatter, já declarou que o Brasil não conta com estádios adequados.
Fifa também quer reestruturar nacionais
Genebra – A Fifa também tem seus planos para reestruturar o futebol. A partir de amanhã, a entidade realiza seu congresso anual, em Munique, na Alemanha, e uma série de medidas deverão ser tomadas. Uma delas é o estabelecimento de um teto máximo para o número de times nas primeiras divisões dos campeonatos nacionais, além da criação
de um sistema de compensações para os clubes que se sentem prejudicados por ter de emprestar seus jogadores às seleções.
O objetivo central da Fifa é o de criar uma estrutura para o futebol mundial que seja aceitável para os clubes, mas que mantenha o poder do futebol mundial em suas mãos. Para isso, 13 medidas serão discutidas nos próximos dias.
Um dos pontos da agenda, por exemplo, é a adoção de uma lei que exija que todos os clubes divulguem seus proprietários e acionistas.
Outra medida é a aprovação de um código eleitoral único para todas as federações de futebol do mundo. A meta, nesse caso, é garantir a independência das entidades em relação aos governos dos países.
Limite de clubes
No que se refere aos jogadores, a Fifa prevê a criação de um sistema informatizado que monitora todas as transferências de atletas a partir de 2008. Os agentes também passariam a ser monitorados.
Para a entidade, não são as seleções que devem jogar menos, mas os campeonatos nacionais que devem ter um limite de clubes para que não desgastem os jogadores. Pela proposta da entidade, as primeiras divisões teriam apenas 18 equipes.
A Fifa ainda divulgará medidas contra apostas e a corrupção nos clubes envolvidos.
Durante o congresso, a entidade ainda pretende adotar as leis internacionais antidoping.