Os poderosos clubes europeus rejeitam a ideia de uma expansão da Copa do Mundo para 48 seleções, como quer a Fifa, e alertam que qualquer mudança no calendário internacional para incluir um número maior de partidas de seleções é ‘inaceitável’. O alerta foi soado pela Associação dos Clubes Europeus que, nesta quinta-feira, enviou uma carta ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, apontando que os times mais ricos do mundo irão resistir à ideia.

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No dia 9 de janeiro, a Fifa vai votar para determinar o modelo das Copas a partir de 2026. Mas se a Conmebol dá sinais de apoiar a proposta de expansão, a Uefa e seus clubes alertam para os riscos.

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Quatro propostas estarão sobre a mesa. Uma delas prevê manter a Copa no formato atual, com 32 times. Outra aponta para uma expansão para 40 seleções, divididas em oito grupos.

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Mas a ideia preferida da Fifa é a expansão para 48 times, divididos inicialmente em 16 grupos com três seleções cada. Se aprovada, a Copa teria 80 partidas. Um último modelo seria um Mundial de 48 seleções, mas com mata-mata inicial, reduzindo imediatamente o torneio para 32 times.

A iniciativa obrigou os grandes clubes europeus a se reunir em carater de emergência para lidar com o assunto. “O número de jogos disputados num ano já atingiu um nível inaceitável, em especial para jogadores de seleções”, disse a entidade que reúne o Barcelona, Real Madrid, Manchester United e a Juventus, entre outros.

“Rejeitamos a iniciativa da Fifa e mandamos uma carta ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, pedindo que o número de participantes numa Copa não aumente”, explicou.

“Temos de nos focar de novo no esporte”, alertou o presidente da associação, o ex-jogador alemão Karl-Heinz Rummenigge, do Bayern de Munique. “Política e negócios não devem ser a prioridade exclusiva no futebol”, atacou. “Defendendo o interesse de torcedores e jogadores, apelamos para que a Fifa não promova essa expansão”, apelou.

Em outubro, a proposta original de expansão para 48 times foi apresentada e indicava que 32 seleções iriam se enfrentar em um jogo eliminatório, já no país sede da Copa. As 16 classificadas se juntariam a outras 16 seleções – melhores classificadas nas Eliminatórias – já para um formato tradicional do Mundial, de novo com 32 seleções.

O problema desse modelo é de que obrigaria uma seleção e todos seus torcedores a irem até o país sede da Copa, sob o risco de perder já no primeiro jogo, retornando imediatamente para casa.

Outro problema desse modelo é o interesse das emissoras de TV que, em troca de pagamentos milionários, tem o direito de transmitir a Copa para seus países. Mas, em caso de uma derrota no primeiro jogo de sua seleção, a emissora ficaria com enormes perdas. Estimativas apontam que, para equilibrar as contas, uma emissora precisa transmitir pelo menos três jogos de sua seleção num Mundial.

Num esforço de atender a todos, Infantino sugeriu o novo modelo, mantendo a expansão. Assim, os 48 times no Mundial seriam divididos em 16 grupos de três. Isso permitiria que pelo menos dois jogos fossem disputados por uma seleção. Das três seleções em cada grupo, duas seriam classificadas para a fase seguida, já começando um mata-mata com 32 times divididos em 16 confrontos. Os vencedores passariam para uma fase de mata-mata.

Se os clubes europeus criticam a proposta, a esperança da Conmebol é de que possa garantir sete vagas para as seleções sul-americanas, deixando apenas três de fora.

Infantino venceu as eleições na Fifa em fevereiro apresentado duas propostas: aumentar as vagas na Copa e distribuir mais dinheiro para as federações nacionais.