Em um evento concorrido, que contou com a presença de vários dos principais dirigentes de clubes do Brasil, além de atletas e representantes do Ministério do Esporte, foi fundado nesta terça-feira o Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (Confao), filiado à Confederação Brasileira de Clubes (CBC).
O grupo promete brigar com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não só por verbas provenientes da Lei Agnelo/Piva como também por uma atitude mais respeitosa por parte da entidade. O principal objetivo do grupo é obter para os clubes parte das verbas desta Lei, que determina o repasse de 2% da arrecadação bruta das loterias para o esporte.
Os clubes alegam que hoje não recebem um centavo para formar e manter seus atletas olímpicos – o dinheiro fica nas mãos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e das confederações esportivas. “Queremos mais transparência na divulgação dos gastos. Informações que chegam até nós dão conta de que hoje de 50% a 56% da verba da Lei Piva é utilizada para manutenção da parte administrativa do COB e das confederações. É muito”, disse o presidente do Minas e do Confao, Sérgio Bruno Coelho.
A briga do Confao, no entanto, não é apenas por verbas. Os integrantes do conselho deixam bem claro que não vão admitir atitudes consideradas desrespeitosas da parte do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. “Ele teve a ousadia de dizer que não acredita em clube formador de atleta”, queixou-se o presidente do Flamengo, Márcio Braga, lembrando da conversa que teve com o mandatário do COB para falar da crise na ginástica artística e do fato que 77% dos atletas que foram aos Jogos de Pequim eram vinculados a clubes.
Nuzman não comentou as declarações de Márcio Braga. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o COB informou que os dados sobre os uso do dinheiro da Lei Piva estão disponíveis por iniciativa da entidade, que é monitorada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Corregedoria Geral da União (CGU).
A prestação de contas de 2008 não foi divulgada, mas a de 2007 informa que o COB gastou R$ 22.955.717,40 dos R$ 84.956.905 na administração, enquanto as confederações gastaram, em média, 10,8% de suas verbas com a área administrativa.