Por 24 votos a 20 o Clube dos 13 aprovou ontem, em reunião realizada na sede do Flamengo na Gávea, Rio de Janeiro, a proposta de calendário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), conforme a Tribuna antecipou quinta-feira. No meio da semana, a Globo Esportes, patrocinadora do Brasileirão, havia repassado à comissão do Clube dos 13 a proposta financeira para a cobertura do Brasileirão e dos estaduais, com cotas mensais. O único ponto de discordância, tirando alguns ajustes financeiros futuros, foi a questão da extinção dos regionais: aparentemente, a maioria dos clube preferia disputá-los em vez dos estaduais.
No entanto, a disputa esquentou ontem à tarde, quando o Internacional, que se comprometera a votar a favor dos regionais, deu seu voto, com peso de três pontos, à CBF. Como a proposta da entidade tinha 21 votos a 20, acabou saindo vitoriosa. Os estaduais terão 12 datas, de janeiro a março e o Brasileirão de abril a dezembro.
A atitude do presidente colorado, Fernando Carvalho, revoltou os dirigentes paranaenses da Liga Sul-Minas. Tal posicionamento foi interpretado como um ato político contra o presidente da Liga Sul-Minas, Fernando Miranda, desafeto de Carvalho. “Fomos traídos pelo Inter”, disparou o presidente do Atlético Paranaense, Mário Celso Petraglia. A revolta só não foi maior devido ao novo modelo do Brasileirão, que prevê 25 jogos em casa – que poderão compensar o desinteresse da torcida em relação às disputas estaduais. “Pelo menos teremos bastante jogos atraentes em casa”, diz.
O conselheiro do Coritiba, Homero Halilla, lembrou que os valores das cotas ainda não estão sacramentados e poderá haver mudanças na divisão. “Sem os regionais, vamos voltar a debater os valores”, avisa.
Se para o Atlético Paranaense e Coritiba, cujas cotas pré-definidas são R$ 666 mil por mês para 2003, a decisão final da reunião já causou lamentações, para Paraná e Malutrom o fato de não poderem participar da reunião trouxe ainda mais revolta. “Nós participamos da série A do Brasileirão, mas não podemos opinar sobre as decisões. Isso é lamentável”, disse o superintendente do Paraná Clube, Ocimar Bolicenho. O Tricolor, assim como as equipes que disputam a série A e não fazem parte do Clube dos 13, ainda não tem cotas definidas pela Globo Esportes para a disputa do brasileirão e estaduais do ano que vem. “Isso não nos surpreende. Esse ano a questão das cotas já foi extremamente problemática para nós”, lamentou o dirigente.
Em situação mais complicada está o Malutrom, que este ano desistiu de disputar a série B do campeonato brasileiro por discordar das cotas de televisão. Sem uma palavra da CBF sobre o futuro do clube, com a saída de cena dos regionais, a situação ficou mais complexa. “É por essas e por outras que temos atitudes de revolta. O futebol não é sério”, disse o presidente de honra do clube, Joel Malucelli. “O presidente do Inter mostrou muito despreparo, pois deixou flagrante que sua decisão tem relação com problemas clubísticos com o Fernando Miranda, presidente da liga. Ele foi insensível em relação aos clubes que não disputam a primeira divisão e àqueles que subiram este ano para a disputa do regional do ano que vem”, concluiu.
Dinheiro
Embora não esteja confirmado, a Globo deverá gastar R$ 265 milhões com o futebol, no próximo ano. Serão R$ 190 mi para a série A, R$ 10 mi pra a Série B, R$ 20 mi com a Copa do Brasil, R$ 10 mi com a Copa Pan-Americana e R$ 35 milhões com os estaduais.