Em Curitiba

Clínica odontológica vira “febre” entre os jogadores de Athletico, Coritiba e Paraná

O consultório odontológico dos irmãos Fábio, Fernando e Márcio Cantador, inaugurado há dez anos, no bairro Cristo Rei, em Curitiba, era uma clínica comum até meados do segundo semestre de 2016.

Mal imaginavam os irmãos, fanáticos torcedores do Athletico, que a paixão pelo clube transformaria profundamente o negócio deles. Hoje, quase 70% dos atendimentos têm ligação direta com o futebol: a maior parte da clientela é formada por jogadores, amigos, familiares e até funcionários do Trio de Ferro.

E tudo começou por acaso, com o herói da medalha de ouro da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro na cadeira do dentista. Bem antes do consultório ser dominado pelos boleiros.

“Sentamos na primeira fileira da Arena, logo atrás do banco de reservas, e acabamos fazendo amizade com os jogadores. E aí surgiu a possibilidade de atender o goleiro Weverton“, lembra Fábio, responsável pela parte administrativa da clínica, que tem o Dr. Luiz Fernando Sak como sócio.

“Nunca tínhamos atendido ninguém conhecido antes. Acabamos ficando amigos da família do Weverton e tudo mais, atendemos os parentes dele. E a partir daí surgiram as indicações. Outros jogadores começaram a nos procurar”, explica.

Nomes como o atacante Pablo (hoje no São Paulo) e os meias Raphael Veiga (Palmeiras) e Matheus Anjos (Botafogo-SP) estão entre os primeiros clientes boleiros. Depois vieram Bruno Guimarães, Matheus Rossetto e Renan Lodi, que mesmo hoje atuando fora do Brasil ainda arranjam tempo para serem atendidos na clínica curitibana.

Na base da propaganda boca a boca e, em grande parte, por causa das publicações em mídias sociais, a clientela de jogadores aumentou exponencialmente. Sem distinção de time ou mesmo de categoria.

“Já chegamos a ter uma situação com seis ou sete jogadores de Athletico, Coritiba e Paraná esperando ao mesmo tempo para serem atendidos, se provocando, brincando. Teve uma vez em que os goleiro Wilson, do Coritiba, e Felipe Alves [ex-Athletico] ficaram batendo papo um tempão”, conta Márcio, que não imaginava que trabalharia com esse nicho de mercado, digamos, inusitado.

“Nosso trabalho tem um caráter voltado para o paciente, e de 2016 para cá, é mais específico para os boleiros, as famílias deles. Há todo um acolhimento desde a secretária, que já os conhece pelo nomes. Todas as salas têm TV, botamos um filme, uma música, um pagodinho que eles normalmente gostam. Os jogadores da base veem no Instagram e acabam querendo o mesmo atendimento também”, completa.

Sisos, gols e dentes perdidos

Especializado em cirurgias e extrações, Fernando Cantador, o mais novo entre os irmãos dentistas, conta que na semana anterior ao jogo em que Marco Ruben destruiu o Boca Juniors na Arena, pela Libertadores 2019, o argentino esteve em seu consultório para extrair os quatro dentes do siso.

“Ficamos muito amigos dele, os argentinos chegam aqui no Brasil carentes de amizade. Até mandei mensagem dizendo que o deixei mais leve para fazer os gols”, brinca.

Como atende muitos atletas, o consultório tem linha direta com os departamentos médicos de Coxa, Furacão e Tricolor. E até ajuda a identificar lesões até então sem causa aparente.

“Tudo está ligado ao sistema estomatológico, tudo começa na boca. Muitas vezes, um paciente que faz um tratamento e tem uma readequação da boca, acaba perdendo aquela questão de ter lesões recorrentes”, relata o dentista.

Um dos casos emblemático é do goleiro Richard, ex-Paraná. “Ele estava com problema e não jogava. Veio tirar o siso e foi detectada uma grande inflamação em outro dente. Era o motivo de ele não conseguir se recuperar direito das lesões que sofria”, confirma Márcio, que também atendeu um caso que foi notícia nacional.

Em abril de 2018, quando defendia o Athletico, Ribamar perdeu dois dentes no jogo contra a Chapecoense, na estreia do Brasileirão. Acidente de trabalho que poderia ter sido evitado caso o atacante tivesse ouvido o conselho dos especialistas.

“Depois de atendê-lo, ele comentou que deveria ter feito o protetor que eu tinha recomendado. O Thiago Heleno, por exemplo, usa. É algo barato e que ajuda muito na proteção, principalmente de quem está mais exposto a choques”, alerta.

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