A Fórmula 1 tem com o Rio de Janeiro uma relação marcada por episódios marcantes e curiosos na história do GP do Brasil. Na década de 1980 o antigo circuito de Jacarepaguá abria o calendário do campeonato e recebia as equipes para os testes de pré-temporada realizados durante o verão carioca.
Entre 1983 e 1989 a pista foi o primeiro GP do ano. Por isso, a categoria desembarcava no Rio semanas antes da estreia, para trocar o inverno europeu pelo forte calor, mais propício para se testar a resistência das peças e dos pneus.
A pré-temporada estava longe da formalidade e do segredo de hoje em dia. Fotos da época mostram mecânicos e engenheiros sem camisa trabalhando nos carros, pilotos de shorts e sem o boné de patrocinadores, além do público circulando livremente nos boxes em busca de autógrafos. Fora do expediente no autódromo, os pilotos costumavam ir à praia e curtir a noite no Rio.
“O circuito era muito interessante. Tinha um traçado com boas curvas e uma ampla área de escape, com grama e areia. A vista em Jacarepaguá também era muito bonita”, relembra o ex-piloto Wilson Fittipaldi.
O clima descontraído da pré-temporada acabou em 1989, não só pela despedida do Rio do calendário e a ida para São Paulo, como também por um grave acidente. O francês Philippe Streiff guiava durante os testes quando capotou e o carro caiu virado de cabeça para baixo.
O atendimento foi demorado e executado de maneira incorreta, sem a proteção do colar cervical para o transporte. O francês acabou levado de carro a um hospital. As lesões na coluna lhe deixaram tetraplégico.
Mesmo com episódio, as corridas em Jacarepaguá guardaram também histórias marcantes para o automobilismo brasileiro. Em 1986, a vitória de Nelson Piquet, da Williams, e o segundo lugar de Ayrton Senna, da Lotus, deram ao País uma dobradinha dentro de casa. Foi a única vitória brasileira no autódromo carioca.
Senna, inclusive, realizou no Rio a sua estreia na Fórmula 1, em 1984, pela Toleman. O maior rival dele na carreira, o francês Alain Prost, foi quem mais teve sucesso na pista. Foram cinco vitórias.
A primeira prova de Fórmula 1 no Rio, em 1978, teve como ápice o segundo lugar de Emerson Fittipaldi. O bicampeão mundial era na época chefe da equipe pela qual corria, a Copersucar. O único carro brasileiro da história da categoria surpreendeu no fim de semana e só ficou atrás do argentino Carlos Reutemann, vencedor da prova.
Na década de 1990 o autódromo recebeu outras categorias internacionais. Uma pista oval foi montada para provas da Fórmula Indy e o circuito com o traçado original foi utilizado para MotoGP pela última vez em 2004. Logo depois a pista acabou reduzida para dar lugar a obras do Pan de 2007, porém continuou a receber categorias nacionais como Stock Car e Fórmula Truck até 2012.