Cleber Arado: artilheiro que carrega o Verdão no lado esquerdo do peito

Cleber Arado. O que dizer de um jogador que deixou o maior rival do Coritiba na véspera da estreia para se transferir para o clube que ama?

Esta foi uma verdadeira demonstração de amor pelo Coritiba, clube que ficou marcado na carreira do ex-jogador. Até hoje Cleber é recepcionado com carinho pela torcida, que não esquece dos gols que o ex-atacante marcou vestindo a camisa do Glorioso.

Confira a entrevista na íntegra com o craque.

Paraná Online: Como você veio para o Coritiba e por que jogar pelo clube significou tanto para sua carreira?

Cleber Arado: O namoro entre eu e o Coritiba começou no Campeonato Brasileiro de 95, quando fui artilheiro junto com o Oséas. O clube onde eu jogava, o Mogi Mirim, chegou ao quadrangular final, e em uma partida contra o Coxa ganhamos de 1 a 0 com um gol meu. Desde aquele tempo, o Coritiba teve contato com o Mogi, mas naquela ocasião fui negociado com o Japão. Fiquei por lá um ano e meio e resolvi voltar para o Brasil e felizmente essa volta foi justamente para o Coxa, aonde o professor Rubens Minelli me conhecia muito bem e deu um grande aval pra minha contratação. Cheguei no momento em que o clube não atravessava uma boa fase do campeonato brasileiro de 97, mas graças a Deus os gols foram aparecendo frequentemente e fizemos uma boa campanha culminando com o Título do Festival Brasileiro de Futebol. Neste curto período já me consideravam um grande artilheiro e isso fez com que houvesse interesse de grandes clubes do Brasil e exterior, mas minha intenção era permanecer no clube onde encontrei verdadeiramente o prazer e a alegria de jogar futebol. Infelizmente o Coxa não conseguiu me segurar e fui vendido para o futebol Espanhol.

Paraná Online: Como você conseguiu se identificar tanto com o Coxa? Foi a torcida, o time, a cidade? Que momento é inesquecível?

Cleber Arado: Quando fui embora para Espanha fiz uma promessa de que um dia voltaria, pois aquela sensação de fazer um gol e sentir o chão tremer não saía da minha cabeça. Ver a massa verde e branca gritando meu nome em coro não teve momento melhor em toda a minha carreira. Cerca de 90% da minha passagem pelo Coritiba foi de alegria e conquistas. Jogar no Coxa, ter o apoio da torcida e morar em Curitiba não se pode querer mais nada da vida. Só saúde, não é?

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Cleber, ícone do time de 98 e símbolo da raça do time que conquistou o Estadual de 99 qubrando 10 anos de jejum.

Paraná Online: Qual jogo mais importante e gol mais bonito que você já fez pelo clube?

Cleber Arado: Sem dúvida os jogos finais do Paranaense de 99 foram os que mais exigiram de mim, pois, na minha cabeça consegui entender a importância daquele título. Já fazia muitos anos que esta maravilhosa torcida estava esperando o grito de campeão e eu era o mais cobrado e o que mais eles depositavam confiança. Dei o meu máximo para não decepcioná-los e graças a Deus fomos abençoados com aquele título que me emociona a cada vez que lembro do semblante de alegria e euforia de cada torcedor do Verdão. Foi um êxtase total. O gol mais bonito foi no Brasileiro de 97 contra o Vasco no Couto Pereira.

Paraná Online: O que faltou na sua carreira pelo Coritiba e do que você tem mais saudade da época de jogador?

Cleber Arado: Acho que estivemos com a faca e o queijo na mão para ganhar o Bi-Brasileiro em 98. Nosso time, sem dúvida, era o melhor daquele octogonal, mas por detalhes ficamos de fora e essa foi a minha maior frustração. O que mais tenho saudades era daqueles torcedores que ficavam me esperando para ganhar um autógrafo ou tirar uma foto. Era muito gratificante saber que fazíamos um pouco da alegria daquelas pessoas.

Paran&aacut,e; Online: Aquele time de 1998 era muito bom. O que realmente você acha que ocorreu naquela partida frente à Portuguesa?

Cleber Arado: Não era muito bom: era o melhor, mas o detalhe fez com que perdêssemos aquele fatídico jogo contra a Lusa. Em cinco minutos acabou-se o sonho e um gosto amargo ficou nesta minha trajetória pelo Coritiba por aquele jogo. Se passássemos de fase, dificilmente deixaríamos de ser campeões brasileiro. Nosso grupo tinha grandes jogadores, sendo que a maioria experientes e com capacidade, mas o azar nos pregou uma peça e isso serviu como lição para o Título Estadual de 99.

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Comemoração do artilheiro no título “chorado” de 99. Cleber Arado é torcedor coxa branca de coração.

Paraná Online: Como foi o episódio em que você deixou o Atlético para voltar ao Coritiba? Como encarou a ameaça do Petraglia, que disse que acabaria com a sua carreira se você abandonasse o Atlético? O que passou pela sua cabeça nessa hora?

Cleber Arado: Olha, essa história é muito longa, cheia de detalhes, mais foi a decisão mais louca e ao mesmo tempo correta que tomei em minha vida. Ninguém faria o que eu fiz, a não ser que já tivesse sentido a emoção de fazer um gol pelo Coxa e quisesse novamente sentir essa sensação. Arrumei a maior briga de minha vida e fiquei entre o amor e o ódio em um mesmo tempo, mas hoje sei que foi a decisão certa. O Coxa, sem demagogia alguma, que me perdoe minha esposa, é o amor da minha vida. Faria tudo outra vez. Quanto ao Petraglia, deixa pra lá, não vale a pena falar, ele está do outro lado.

Paraná Online: O que você está fazendo atualmente e se um dia tem a pretensão de trabalhar no Coritiba?

Cleber Arado: Depois que encerrei a minha carreira, em 2004, construí um Centro de Treinamento em São José do Rio Preto, em São Paulo. Trabalho com a revelação de jovens talentos e faço também um intercâmbio com jovens atletas da Coréia do Sul. Nos próximos meses estarei propondo uma parceria com o Coxa para que possa não só divulgar a marca Coritiba no interior de São Paulo como também revelar atletas para o Verdão. É um sonho e espero que os dirigentes aceitem minha sugestão de parceria.

Paraná Online: Deixe um recado para torcida alviverde.

Cleber Arado: Queria a principio parabenizar a esse gigante chamado Coritiba Football Club pelo seu Centenário de tantas emoções e conquistas. Quero agradecer do fundo do meu coração pela oportunidade de ter vestido esta tão linda camisa. Por outro lado quero abraçar cada torcedor que nos momentos bons e ruins sempre esteve junto de mim e de todos aqueles que tiveram a honra e a oportunidade de vestir a camisa verde e branca. É com muito prazer e orgulho que digo a todos: “Coxa, eu te amo”!

Paraná Online: O que você espera do Coritiba no futuro e qual a importância do Centenário?

Cleber Arado: Espero que a principio o Coxa saia das últimas colocações do Brasileiro. Não combina com as suas tradições. Fico feliz em ver o trabalho da atual diretoria e a parabenizo pois vejo que o Coxa esta se moldando aos grandes clubes deste país e do mundo. Com certeza com esta torcida apaixonada e grandiosa em breve estaremos no topo do futebol mundial. Parabéns mais uma vez ao meu Verdão, que faz aniversário um dia após o meu. Como diz uma música…tem tudo a ver…Coxa eu e você. Parabéns ao Glorioso e a toda nação coxa branca.