Clássico Gre-Nal pode ter área para torcida mista no Beira-Rio

Indo na contramão do Ministério Público de São Paulo, que luta pela realização de clássicos com torcida única, o Internacional resolveu inovar e acerta detalhes para ter uma área de torcida mista dentro do seu estádio para a partida contra o Grêmio. A ideia é reservar parte da arquibancada do Beira-rio (entre 1.600 e dois mil lugares) para que os colorados levem um amigo tricolor para assistir ao jogo entre as duas equipes, que ocorre dia 1.º de março, pelo Campeonato Gaúcho.

“Pode ser um amigo, um vizinho, um irmão, um pai. Ou seja, o colorado que vai querer assistir à partida em um setor misto não vai convidar um cara que é brigão, que não tem controle. Ele vai chamar alguém que já assiste ao jogo com ele em um churrasco”, explica o diretor de administração do Inter, Alexandre Limeira.

O dirigente teve uma reunião com a Brigada Militar de Porto Alegre para apresentar o projeto e disse ter tido uma resposta positiva. Na quarta-feira, uma nova reunião, também com a presença da direção do Grêmio, da EPTC, responsável pelo trânsito, e da Promotoria do Torcedor vai definir os detalhes operacionais para a partida.

Alexandre Limeira conta que a ideia surgiu com o convívio em harmonia entre torcedores do Inter e do Grêmio nas arquibancadas do Beira-rio durante a Copa do Mundo. Fato que também se repetiu no jogo beneficente realizado pelo meia argentino D’Alessandro em dezembro.

“Nós vimos que no Rio Grande do Sul tivemos a convivência de colorados e gremistas nos estádios naturalmente. Isso também ocorre em shoppings e praças, eles convivem naturalmente. Também me chamou atenção a quantidade de marido e mulher, pais e filhos, com camisas de Inter e Grêmio, em um ambiente de civismo no pátio do Beira-rio para a partida do D’Alessandro.”

A intenção do Internacional é resgatar para as arquibancadas o torcedor que prefere ficar em casa no dia de clássico e assistir ao jogo pela televisão por causa do medo de atos de violência. “Quem está indo aos grandes jogos são os vândalos. Daqui a pouco estão tratando a violência como normal e isso não pode ser feito. Em um ato educacional e de civismo, o Internacional busca uma inovação, difícil de operacionalizar, mas que conta com o apoio da sociedade gaúcha, que está mobilizada para que dê certo.”

O dirigente do Inter ainda faz um apelo para que as autoridades do futebol brasileiro se mobilizem para dar um basta na violência nos estádios e suas cercanias. “Nós somos contra a torcida única. Nós temos de retirar dos estádios as pessoas que não são de bem. Os órgãos públicos de segurança, as Federações e os clubes têm de buscar alternativas para retirar dos estádios as pessoas que não são civilizadas.”

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