Por 48 horas, o Atletiba ficou restrito aos bastidores. Dirigentes, políticos e policiais discutiram a “esdrúxula” (nas palavras do secretário da Segurança Luíz Fernando Delazari) proposta de se colocar apenas a torcida do Coritiba hoje, às 16h, no Couto Pereira. Vencida a proposta – e derrotados os homens fortes de Coritiba e Atlético -, voltam-se as atenções para o campo. E é nos 22 jogadores que estarão as esperanças das duas maiores torcidas do Estado. Afinal, é no campo que o futebol é decidido.

A ação de Mário Celso Petraglia e Giovani Gionédis, conversada há dias e alinhavada quinta-feira, no Rio de Janeiro, marca historicamente as relações entre Atlético e Coritiba. “Nunca o entendimento entre os dois presidentes dos dois clubes foi tão bom”, reconhece o vice-presidente coxa Domingos Moro. De raízes semelhantes (ambos são advogados), com passado político próximo (estavam no grupo que comandou a vitoriosa campanha do ex-governador Jaime Lerner em 1994), os dois são amigos, e têm uma visão estritamente profissional do futebol.

Ambos trabalham para que seus clubes sejam como empresas, com lucros e dividendos. E toda e qualquer atitude tomada por eles tem esse fim – não foi diferente com a proposta de torcida única nos clássicos. No fundo da questão, estava a possibilidade de, no Alto da Glória, a torcida coxa lotar o estádio (com a atleticana fazendo o mesmo na Arena), e quem não pudesse ir ao jogo que comprasse o pacote pay-per-view do campeonato paranaense, lançado na sexta.

Por sinal, no coquetel de lançamento, instado por uma pergunta da repórter Gisele Krodel Rech, da Editora O Estado do Paraná, Gionédis abriu claramente o jogo. “Estão nos acusando de elitizar o futebol. Querem que nós tenhamos os melhores times do mundo e que entreguemos de graça isso para a televisão e para o público. O futebol é caro, e nós temos que cobrar caro mesmo”, disse. O presidente da Federação Paranaense, Onaireves Moura, completou. “Eles (as emissoras de TV) acharam que nos comprariam com trinta vinténs. Mas não vamos aceitar esmolas”.

O entendimento é tanto que não se entende por que as diretorias de Coritiba e Atlético discutiram tanto nesta semana. Quando surgiu a possibilidade de Adriano vestir a camisa coxa, o assessor da presidência Antônio Carletto disse que o meia “não sairia do Atlético para jogar em time pequeno”. Domingos Moro retrucou dizendo que “quem fala em pequenez é porque tem inveja do outro ou vergonha da própria pequenez”.

Estratégia para ?animar? o clássico ou uma recaída? Talvez nunca saberemos. Até porque o mais importante acontece às 16h. Será a hora de ver a jovem dupla de ataque do Cori formada por Laércio e Bruno tentar se impor ante a defesa atleticana. E também de acompanhar as evoluções de Jádson e Fernandinho contra os zagueiros alviverdes. E de ver as duas torcidas fazendo a festa que quase foi impedida. Será mais um clássico, com todos os ingredientes que o tornam especial. Ainda bem.

CAMPEONATO PARANAENSE
CORITIBA X ATLÉTICO

Coritiba: Fernando; Jucemar, Danilo, Reginaldo Nascimento e Lira; Ataliba, Roberto Brum, Luís Carlos Capixaba e Eder; Laércio e Bruno. Técnico: Antônio Lopes

Atlético: Diego; Alessandro Lopes, Rogério Correia e Ramalho; William, Alan Bahia, Rodriguinho, Jádson e Marcão; Ilan e Fernandinho. Técnico: Mário Sérgio

Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 16h
Árbitro: Cleivaldo Bernardo
Assistentes: Ildefonso Trombeta e Aparecido Donizete Santana

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