Um dia após a Justiça suíça tornar público que os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange receberam R$ 45,5 milhões em subornos da agência de marketing esportivo ISL, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, não só admitiu que sabia do episódio como “lavou as mãos” sobre o fato de Havelange ter o título de presidente de honra da entidade.
A entrevista, com cinco perguntas, foi divulgada no próprio site da Fifa.
Logo na primeira resposta, Blatter admite ser o personagem “P1” citado no processo. Já existia forte especulação sobre isso, mas ainda não havia uma informação oficial.
Questionado em seguida sobre o motivo do anonimato, Blatter declarou:
“Foi o Tribunal Federal Suíço que decidiu fazer de forma anônima a publicação da ordem de arquivamento do caso ISL. No que tange a mim, o documento inteiro poderia ter sido publicado “limpo’, o que poria fim a todas as especulações de uma vez por todas. No entanto, o Tribunal Federal declarou que “todos os terceiros não acusados’ permanecerão anônimos. Como não sou acusado, fui mencionado anonimamente como P1, o que, honestamente, não é difícil de descobrir.”
Blatter, então, confirma ter tido conhecimento dos pagamentos a Havelange e Teixeira, porém minimizou a situação.
“Saber o quê? Que uma comissão tinha sido paga? Naquela época, pagamentos desse tipo podiam até mesmo ser deduzidos do imposto de renda como despesas profissionais. Hoje, seriam puníveis pela lei. Não se pode julgar o passado com base nos padrões atuais. Do contrário, resultaria em um julgamento de índole moral. Eu não podia ter conhecimento de uma infração que nem era considerada como tal.”
Embora o caso já tenha sido encerrado do ponto de visto jurídico, o mandatário da Fifa diz que a “questão ética” ainda precisa ser respondida. Apesar disso, “lavou as mãos” sobre a situação de Havelange, presidente de honra da entidade -em março, quando deixou o comando da CBF, Teixeira também renunciou ao cargo que tinha no Comitê Executivo.
“Não tenho o poder de chamá-lo a prestar contas. O Congresso o nomeou presidente honorário. Somente o Congresso pode decidir o futuro dele.”