“A demissão do Joaquim Grava é uma decisão do clube. Trata-se de uma questão fechada. Houve uma troca no departamento médico. É o que eu posso dizer”, limitou-se a dizer Citadini.
Antes mesmo de começar a entrevista coletiva, Citadini já tinha dado sinais de que não falaria muita coisa nova. De terno cinza, cabelo bem penteado e sempre sorrindo, chamou o assessor de imprensa Luciano Signorini e mandou-o entregar aos jornalistas o currículo do médico que vai ocupar o posto de Grava.
O substituto do médico que estava no Parque São Jorge havia 24 anos e operou 158 atletas do clube será Fábio Luís Novi, que está no Corinthians desde 2000 e antes trabalhou no Santo André. Ele já deu plantão ontem à tarde.
“O Fábio Novi já está no lugar do Joaquim, que aliás pediu demissão do clube. Repito: essa é uma página virada no Corinthians”, disse.
O discurso evasivo serviu também para responder as perguntas sobre o protesto do torcedor, que começou no início da tarde. “Protestar é um direito que ele tem. Não sei o que ele está reivindicando”, despistou, garantindo que não tinha visto o acorrentado na entrada.
Roberto Nunes, de 29 anos, que saiu do Jardim da Fé, em Santo Amaro, na Zona Sul, o desmentiu. “O Citadini me viu sim. Ele passou aqui com o motorista dele e ficou me olhando. Só que ele não teve coragem para falar comigo”, contou.
Citadini certamente teve tempo para ler as frases de protesto que o torcedor escreveu na faixa. E elas não são novidades para ele. Nos últimos meses, freqüentaram os estádios em que o Corinthians jogou. “Cadê o nosso estádio”, “Ingressos mais baratos”, “Queremos contratações” e “Fora Citadini”, são as reivindicações estampadas por Roberto.
“Vou ficar aqui até ele conversar comigo e me dar uma posição sobre essas reivindicações. Não vou arredar pé daqui. Como vou fazer para ir ao banheiro? Não estou preocupado, vou fazer minhas necessidades aqui mesmo”, disse ele, avisando que é motoboy e perueiro. “Trabalho como perueiro ou motoboy, depende do que aparece. O que vier eu faço. Esse é o trampo que sobra para quem mora na periferia”, disse.