O técnico Paulo Campos só define na próxima semana a sua permanência no Paraná Clube por mais uma temporada. Mas, antes mesmo da transação se confirmar, ele já dá as cartas quando o assunto é reformulação do elenco. Nada menos do que cinco jogadores que com ele trabalharam no Palmeiras B já foram contatados e nos próximos dias devem estar em Curitiba para negociar com a diretoria tricolor. "São jovens, mas de qualidade. Não são tão conhecidos, mas eu assino embaixo."
O "pacote palmeirense" -que inclui Chu, Célio, Juliano, Paulinho e Neto – seria o primeiro passo para se buscar um aumento de qualidade do grupo. É certo que alguns jogadores devem deixar o Paraná. Empresários negam que tenham recebido propostas oficiais, mas pelo menos três titulares devem sair. "Muitos já conversaram, mas o acerto só deve ocorrer ao término do brasileiro ou até mesmo no início de janeiro", disse o vice de futebol José Domingos. Paulo Campos, que impôs como condição para a sua renovação a montagem de um time capaz de lutar pelo título estadual, usa sua influência para trazer atletas de sua confiança.
A lista de reforços conta com um zagueiro, um volante, dois meias e um atacante. Ou seja, há uma preocupação em se reforçar todos os setores do time. "O que posso dizer é que tem muita gente querendo uma chance no Paraná. O clube recuperou sua imagem e o que preciso é isso: jogadores jovens querendo vencer na vida", comentou Campos. O fato de não haver nome de impacto não chega a ser problema, na análise de Campos. Isso porque o técnico confia na permanência de jogadores experientes e capazes de dar sustentação à equipe, como o goleiro Flávio e o zagueiro Émerson.
O zagueiro Juliano, que já passou por Juventude e Rio Branco de Americana, supriria as saídas de Nelinho (que foi para o Iraty) e Gélson Baresi (dispensado). Para reforçar o setor de marcação, a indicação de Paulo Campos é o volante Célio, 26 anos, formado nas categorias de base do Palmeiras. O jogador pouco foi utilizado nesta temporada pois teve que se submeter a uma artroscopia, mas já está recuperado. Os outros reforços são para setores de criação e ataque. O meia Chu retornou recentemente da Itália e é, segundo Paulo Campos, um jogador muito habilidoso. Mesma característica, mas canhoto, tem o meia Neto, 25 anos, e que é, deste grupo, o que mais vezes atuou pelo time do Palestra Itália. Já para o ataque, Paulinho pode ser o eventual substituto de Galvão, que deve mesmo deixar o tricolor. Jogador de área, ele já atuou por Palmeiras e XV de Piracicaba. "Vamos ver como as coisas caminham. São bons jogadores e que, caso acertem, vão ser úteis na disputa do campeonato paranaense", assegurou Paulo Campos.
Coritiba tentou atravessar parceria do Paraná Clube
"Estou tão preocupado que neste momento estou na piscina, tomando uma cervejinha." Foi desta forma que o vice de futebol José Domingos começou a responder sobre o possível interesse do Coritiba por seis jogadores do Paraná Clube para a temporada 2005.
Revelou que o processo detonado pelos alviverdes foi mais amplo. "O Gionédis e o Oscar Yamato procuraram o Sérgio (Malucelli), propondo a ele uma parceria como a nossa." Preferiu não polemizar diante do "puxão de tapete".
"Somos de boa-fé. Não chegaríamos ao extremo de romper relações", disse o dirigente. A confiança de José Domingos aumentou pelo fato de Malucelli se fazer presente na festa de fim de ano do tricolor, onde reafirmou o que fora acordado há semanas. "A parceria está mantida e tenho total confiança no que o Sérgio tem nos passado. Nunca houve nenhum impasse nesse relacionamento, que é a base para qualquer sociedade", afirmou. "O curioso disso tudo é que sempre falaram que o time do Paraná era fraco. De repente, querem levar um pacote fechado?", indagou.
A tentativa do Coritiba é, na visão do dirigente paranista, um sinal evidente de que o Paraná fez a opção certa. "Mais uma vez, abrimos caminho para uma nova realidade. As parcerias são necessárias diante da nova regulamentação do esporte e nós, outrora criticados, agora somos copiados", disse. José Domingos reafirmou o objetivo do Paraná para o início da próxima temporada. "Vamos montar um time para recuperar a hegemonia do Estado", assegurou. O caminho para atingir esse status passa pela manutenção do acordo com Sérgio Malucelli e outros empresários como Iko Martins, Vágner Ribeiro e Odário Durães.
A aparente tranqüilidade de José Domingos contrasta com a pressão que norteou toda a temporada paranista. "Aprendemos com os nossos erros e o nosso torcedor pode ficar confiante: 2005 será um ano de conquistas."
Confraternização em Morretes
No embalo de sua permanência na primeira divisão nacional, o Paraná Clube nem esperou a última rodada para fazer sua festa de fim de ano. Jogadores, comissão técnica, dirigentes e parceiros almoçaram e passaram a tarde no litoral paranaense. Todos foram recepcionados pelo presidente José Carlos de Miranda na Pousada Dona Siroba, em Morretes. Na mesa, além das iguarias locais, muita conversa a respeito do futuro do clube.
Os empresários Sérgio Malucelli e Mauro Morishita estiveram presentes ao evento e já tentam alinhavar renovações de contratos para 2005. É praticamente certo que Galvão deva ser negociado – há propostas oficiais da Coréia do Sul e do Japão -, mas em relação a outros jogadores houve tão-somente sondagens. Malucelli descartou a possibilidade de firmar novas parcerias com outros clubes e manterá sua empresa focada no Paraná. Como na relação comercial o que importa é o lucro, não se descarta a saída de outros atletas.