Dez anos após a conquista do primeiro ouro olímpico do Brasil na natação, Cesar Cielo ainda sorri com o feito que colocou o seu nome na história do País. “Costumo dizer que estava brincando de atravessar a piscina o mais rápido possível e consegui fazer isso numa Olimpíada. Hoje, vejo que atletas olham para a seleção com a possibilidade de chegar lá também”, conta.

continua após a publicidade

Dono ainda de dois bronzes olímpicos, ele é considerado o maior nadador brasileiro de todos os tempos – tem também 17 medalhas em sete edições de Mundiais, sendo 11 de ouro. Olhando para o passado, ele fala com orgulho da sua carreira e deixa o futuro nas mãos de seu corpo. Sabe que a aposentadoria está perto, mas evita apontar datas. Aos 31 anos, o nadador aprendeu a lidar com o tempo e acredita que dar um passo de cada vez seja a maneira mais sensata de continuar brilhando nas piscinas.

continua após a publicidade

“Estou levando temporada a temporada. Hoje, para ser bem sincero, não me vejo nos Jogos de 2020. Não faz parte dos meus objetivos na água. Mas estabeleci que, se conseguir um bom resultado neste ano e meu corpo permitir, vou para mais uma temporada. Então, com relação a 2020, zero promessa”, explica Cielo, que ainda considera ter boas motivações para nadar.

continua após a publicidade

FUTURO – Na próxima semana, o nadador vai disputar o Troféu José Finkel em sua casa, o Esporte Clube Pinheiros. Ele vai competir nos 50m e 100m livre, além de ajudar sua equipe no revezamento. O torneio vale como seletiva para o Mundial de Piscina Curta no fim do ano, em Hangzhou, na China.

Os resultados vão dizer como serão as próximas temporadas. “Sinto que ainda ajudo muito na piscina. Desafiar os meninos no treino, passar uma dica, uma correção. São coisas que eu gosto de fazer, com o Gabriel Santos, o Pedro Spajari e o Marcelo Chierighini. A gente fala e eles prestam atenção. Esse lado de mentor é diferente, acho bem gratificante”, revela o nadador.

Cielo sabe que o Brasil tem uma ótima equipe no revezamento 4×100 metros livre, até pelos últimos resultados internacionais – a seleção masculina foi medalha de ouro no Pan-Pacífico na semana passada, à frente de grandes potências da modalidade. Se estiver bem, ele pode até sonhar com uma vaga no time.

Uma década depois, o feito de Cielo ainda repercute. O ouro olímpico ocorreu na Olimpíada de Pequim, em 16 de agosto de 2008. O nadador ultrapassou os favoritos Amaury Leveaux e Alain Bernard com a marca de 21s30 e garantiu a medalha de ouro nos 50m livre. Além disso, conquistou o recorde olímpico.

De lá pra cá, o atleta vê mudanças e acredita que o seu ouro poderia ter sido melhor aproveitado pela modalidade. “A medalha e a conquista renderam muito mais atenção da mídia para nós, mais dinheiro também, porém não foi um dinheiro bem capitalizado. A gente vê isso pelos números de praticantes nas competições de natação, que foi diminuindo ano a ano”, explica Cielo.

“Para o alto rendimento, conseguimos, justamente por ter mais dinheiro na confederação, passar mais tempo treinando fora, disputar algumas competições que hoje ficou mais difícil de conseguir fazer. Se a natação continuar do jeito que está, teremos cada vez menos nadadores na piscina, menos clubes investindo na natação”, lamenta.