Sem apresentar fatos novos, Cesar Cielo voltou a se defender do caso de doping anunciado pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) nesta sexta-feira. Desta vez, o campeão olímpico e mundial leu uma declaração diante da imprensa, em São Paulo, mas não concedeu espaço para perguntas.
Vestindo terno e gravata, Cielo reiterou os argumentos apresentados mais cedo em nota oficial, agradeceu as manifestações de apoio e avisou que seguirá treinando forte para o Mundial de Xangai, a partir do dia 24 deste mês.
“Saio com três grandes ensinamentos. O primeiro é que quem não deve não teme. Estou junto com meus companheiros de cabeça erguida e peito aberto. O segundo é que a verdade sempre aparece, e verdade está ao nosso lado, isso foi provado. O terceiro é que o que não te derruba te fortalece. Sairemos muito mais fortes do que antes e faremos todo o possível para representar o Brasil e o Flamengo da melhor forma”, declarou.
Cielo também pediu que os fãs sigam torcendo por ele e pelos companheiros Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked. “Agradeço a todas as manifestações de apoio e volto a me concentrar com meus companheiros no treinamento para o Mundial de Xangai. Peço aos torcedores que rezaram pela gente que rezem o triplo, por favor. E a gente vai buscar grandes resultados”.
Cielo e os outros três nadadores deram positivo para a substância diurética furosemida, proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada), durante a disputa do Troféu Maria Lenk, em maio. Os atletas rejeitaram a amostra B se explicaram a um painel montado pela CBDA nesta sexta. Os especialistas da entidade aceitaram as justificativas dos nadadores e aplicaram apenas uma advertência.
Com a punição, Cielo, Santos, Barbosa e Waked perderam os resultados, prêmios, certificados e medalhas conquistados no Troféu Maria Lenk. Cielo faturou o ouro nas provas do 50m livre, 50m borboleta, 4×100 livre, 4x50m livre e 4x100m medley e foi prata nos 100m livre.
A advertência dificilmente ameaçará a participação dos brasileiros no Mundial de Xangai. Após receber a documentação enviada pela CBDA, a Federação Internacional de Natação (Fina) terá 30 dias para se manifestar sobre o caso. Como a competição terá início no dia 24, a entidade não terá tempo para anunciar uma eventual punição aos atletas. Pelas regras da Wada, o doping por furosemida pode gerar uma suspensão de até dois anos.
Logo após o anúncio do doping, os brasileiros receberam o apoio do médico Eduardo de Rose, membro-fundador da Wada e integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI). “O que ocorreu foi a contaminação da cafeína que eles tomam há dois anos. A contaminação da substância foi comprovada por laudo do laboratório Ladetec (da Universidade Federal do Rio de Janeiro)”, comentou o médico. “Não houve culpa nem negligência”.
Em nota oficial, Cielo atribuiu o resultado positivo do exame a uma “contaminação cruzada” do suplemento que costuma utilizar em seus treinos. O nadador consome cápsulas de cafeína, substância permitida pela Wada, que teria sido contaminada durante a elaboração em uma farmácia de manipulação.
“Sempre fiz uso desse suplemento e nunca um controle feito anteriormente apresentou problema. Pela segurança que tenho na utilização desse suplemento, creio que este resultado tenha sido um fato isolado. Por causa dessa mesma confiança, outros atletas também fizeram uso do suplemento”, afirmou.
“Todos os dados foram levantados e comprovada a presença da substância por meio de contaminação cruzada durante a manipulação de um suplemento (excepcionalmente, isso pode ocorrer, mesmo que observadas normas e protocolos de manipulação sob orientação da Vigilância Sanitária)”, registrou Cielo.