O rebaixamento para a divisão de acesso do Campeonato Paranaense em 2014 parecia sepultar o futuro do Cianorte no futebol estadual. Entretanto, aquela temporada teoricamente esquecível serviu como exemplo, como base para a construção de uma nova realidade para o futebol local e o pontapé de um projeto que pretende levar o Leão do Vale do Ivaí a alçar voos mais altos e, principalmente, muito mais seguros.
Hoje, o time do Cianorte virou a sensação da cidade. A venda de camisetas nas semanas que antecederam ao Natal é a maior prova do sucesso da estratégia adotada pela administração da equipe em resgatar o orgulho dos torcedores. “Em apenas 12 dias vendemos mais camisetas do que nos últimos quatro ou cinco anos juntos”, explicou Lucas Franzato, presidente da equipe.
O grande atrativo é o preço. Hoje uma camisa oficial masculina do Cianorte custa apenas R$ 89,90, quase 1/3 do valor de uma camisa oficial de uma equipe de Série A do Brasileirão. Mais do que ajudar o clube, quem comprar uma camiseta vai valorizar também a cidade de Cianorte, já que o material foi todo desenvolvido por empresas locais. A cidade é um dos principais polos têxteis do país.
“Buscamos parceiros e lançamos uma camiseta de marca própria. Não temos um fornecedor de material esportivo, mas sim um grupo de pessoas que acreditam no nosso projeto. Juntamos especialistas em estamparia, costura, acabamento e corte e lançamos um material 100% cianortense”, contou Franzato. “O futebol é um esporte popular e precisamos nos aproximar da torcida”.
Na camiseta existem vários detalhes que reforçam a identidade do time com a cidade. “O tecido é de alta qualidade, o mesmo usado por todas as equipes da Série A. Temos uma marca d’água que fala do orgulho de ser cianortense e lembra nossas conquistas”, disse.
A venda de camisetas acompanha o interesse dos torcedores por se associarem ao Leão. A boa campanha na segunda divisão faz o torcedor sonhar com mais conquistas no futuro. A fidelização da torcida possibilita também que o time tenha a segurança de uma receita importante para planejar o time. “Os números vem crescendo ano a ano e hoje já corresponde a 15% da nossa receita anual”, contou. Atualmente, o orçamento do time gira em torno de R$ 1 milhão por ano.
Sob o comando de Franzato, presidente do clube desde seus 25 anos (hoje tem 27), o time se reestruturou, apostou nesta identidade do time com a cidade e com uma administração série tem colhido bons resultados. Novamente entre os melhores do Paraná, espera manter-se na primeira divisão este ano, mas sonha com vagas na Copa do Brasil e Série D (dadas aos melhores do Estadual). Em cinco anos, quer o título do Campeonato Paranaense.
“O que nos anima é a possibilidade de continuidade do nosso trabalho. O grande desafio do futebol do interior é esse, já que via de regra não se tem um calendário para o ano todo. Temos que parar com essa história de montar e desmontar um time todo ano. Para isso precisamos de calendário”, explicou Franzatto, que sente dificuldades em controlar a ansiedade por melhores resultados para o Cianorte.
Para 2017 o clube já contratou 12 jogadores, restando apenas um para fechar o elenco com 26 atletas. A base campeã da divisão de acesso foi mantida e reforçada. Após perder o técnico Paulo Turra, que foi um dos responsáveis por ajudar na reestruturação do time, e que vai ser auxiliar de Felipão na China, a diretoria aposta no jovem Marcelo Caranhato.
“Sempre revelamos jogadores e treinadores para o mercado brasileiro. Foi assim com o Caio Júnior, o Gilson Kleina e o próprio Turra. Faremos uma boa mescla de jogadores jovem e experientes e apostamos muito no Marcelo para um bom Paranaense”, concluiu Franzato.