Não adianta. Curitiba vive seus dias de inverno mais rigoroso, e a falta de sorte acabou fazendo com que a chuva e o frio chegassem para valer no final de semana do Campeonato Mundial de Turismo da FIA, o WTCC (World Touring Car Championship). A festa programada para ontem acabou sendo modificada, e hoje os pilotos terão o primeiro contato com o clima no Autódromo Internacional de Curitiba, pista completamente nova para todos eles.
"Vim para o Brasil esperando sol, e chego com chuva. É a mesma coisa da Alemanha", brinca o alemão Jörg Müller, da BMW, sétimo colocado na temporada. Mas na frase jocosa se retira uma preocupação – além de ter que encarar um local até o momento desconhecido, terá que encará-lo possivelmente com pista molhada.
"A previsão é de chuva, mas eu ainda torço que esteja errado e o tempo melhore", resume o curitibano Augusto Farfus Júnior, da Alfa Romeo.
Esta preocupação se vê nos outros pilotos e também nos chefes de equipe. Ontem, durante o evento festivo na Boca Maldita, percebia-se olhares preocupados para o céu, como se houvesse uma torcida velada pelo sol.
"Não sabemos como vão ser as coisas, não sabemos como ficará o tempo no dia da prova", reconhece o francês Yvan Muller, da Seat, co-líder da competição (o outro líder, o inglês Andy Prilaux, da BMW, não participou da sessão de autógrafos na rua XV).
A programação de ontem foi visivelmente prejudicada pelo clima. O ambiente de festa (semelhante às que acontecem na Europa) dissipou-se em parte com o aumento da chuva, exatamente na hora programada para o início da sessão. E o desfile em carro aberto teve que ser suspenso. "É uma pena que isto tenha acontecido. Mas o pessoal está muito animado, e a recepção foi ótima", diz Augusto Farfus Júnior.
É verdade – apesar da diminuição do fluxo de pessoas, ainda assim muita gente parou para ver os carros e pedir autógrafos.
E se o clima já atrapalhou, a tendência é ruim para os pilotos do WTCC. O Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) prevê para hoje, dia do treino livre – marcado para as 15h -, céu cinza e temperatura baixa. Para amanhã, a temperatura sobe, mas a probabilidade de chuva aumenta. E para a hora da corrida, meio-dia de domingo, a previsão é de "tempo nublado com pancadas de chuva".
Ausência
Um dos pilotos mais esperados na sessão de autógrafos de ontem, o italiano Alessandro Zanardi, acabou tendo problemas para chegar ao Brasil. Ele perdeu o vôo da Itália para o Brasil, e só chegará a Curitiba na manhã de hoje – a tempo, pelo menos, de participar de todas as sessões de treino.
Só aqui
Pelo fato dos pilotos não conhecerem o traçado do autódromo Raul Boesel, hoje acontece uma sessão extra de treinos livres. Serão trinta minutos, a partir das 15h, para que todos conheçam os detalhes da pista. Amanhã, serão dois treinos livres pela manhã e a classificação às 15h.
Pilotos também estão ligados na copa
Pode ser atletismo, basquete, vôlei ou automobilismo. Na hora da Copa do Mundo, tudo pára. E não é diferente no Campeonato Mundial de Turismo. Os pilotos também se programam para acompanhar as partidas das quartas-de-final, torcendo cada qual por sua seleção. E se não há portugueses, ucranianos e argentinos na categoria, há ingleses, italianos, franceses, alemães e brasileiros – agora dois, com a entrada nesta prova de Lucas Molo (ver matéria). E os palpites correm pelos boxes.
Augusto Farfus Júnior, o curitibano no WTCC, anda errando as apostas por pouco. "No jogo contra o Japão, coloquei 5 a 1 e foi 4 a 1. Contra Gana, disse que daria 3 a 1 e deu 3 a 0. Agora estou mais cauteloso, acho que vai dar 2 a 1", comenta o piloto, que admite que vai misturar pressão, corrida e torcida na hora do jogo – que começa às 16h de amanhã, meia hora depois do final do treino que definirá o grid de largada. "Não vamos separar nada. É pressão e torcida ao mesmo tempo", brinca.
Quem não acredita em uma vitória do Brasil é o francês Yvan Muller. Perguntado se esperava responder muitas perguntas sobre a Copa, ele sai com esta. "Estou pronto para responder a todos que a França vai ganhar do Brasil", disse ele. "Sei que vocês (brasileiros) são favoritos porque têm o melhor time. Mas temos um time experiente, e isto faz diferença, como fez contra a Espanha", completa Yvan Muller, que responde rapidamente quando lhe perguntam sobre Zidane e Ronaldo. "O Zidane é bem mais magro."
Hoje
Na WTCC, há gente mais preocupada com as partidas de hoje – Alemanha x Argentina e Itália x Ucrânia. Para o alemão Jörg Müller, a partida de sua seleção será decisiva. "Teremos que fazer muito para vencer a Argentina", afirma. Já o italiano Gianni Morbidelli, companheiro de Augusto Farfus na Alfa Romeo, fala em bom português sobre suas preocupações. "Nós precisamos jogar mais, não ficar contando só com a sorte. Contra a Austrália não estivemos bem", reconhece. (CT)
Lucas Molo reforça time brazuca
Anote este nome: Lucas Molo. Ele é o segundo brasileiro no Campeonato Mundial de Turismo da FIA – pelo menos na prova de domingo, em Curitiba. Campeão das Mil Milhas Brasileiras, o piloto carioca de 23 anos terá que mudar por completo o seu estilo para participar do WTCC, que tem como grande diferencial a curta duração das baterias (no máximo meia hora).
Especialista em Endurance, Lucas Molo disputa atualmente a Copa Clio, mas correu com um Alfa Romeo várias corridas de longa duração. A decisão de disputar a prova de Curitiba foi rápida. "Como o carro precisaria de algumas adaptações, decidimos participar da corrida", conta.
Ele reconhece que terá dificuldades no final de semana. "Às vezes eu me sinto perdido, porque para pilotar é muito diferente. Até sonhei com a corrida. Mas pretendo fazer uma boa prova", comenta. Lucas também está impressionado com os seus ‘colegas’ que já correram na Fórmula-1, como Gianni Morbidelli e Nicola Larini, que estavam na sessão de autógrafos na Boca Maldita. "Pensei que eu ia acabar pedindo autógrafos para eles", finaliza. (CT)