Enquanto o Pipe Masters não recomeça, os surfistas que não estão no Circuito Mundial aproveitam para pegar seus tubos em Pipeline. E quem está aproveitando para mostrar serviço e ganhar um pouco de fama é o carioca Lucas Yan Chumbinho, que vem pegando ótimas ondas no North Shore.
Sua história é comum a de tantos outros que buscam um lugar ao sol. Sem muitos recursos, ele conta com um apoio de uma marca da própria família, a Triple Lead, que ajuda a arcar os custos da viagem. Também faz bico em um “food truck” na praia de Sunset, quatro vezes por semana, para tirar uma renda extra.
“Esse ano vim sem patrocínio. Estou tendo de trabalhar porque ficar aqui é caro. Tento trabalhar também porque é bom para ajudar nos custos, pois gosto de pegar ondas grandes e sempre tento ir para Maui, e isso é um gasto a mais. Prancha também quebra, é outro gasto. É difícil”, afirma Chumbinho, que tem 19 anos.
Ele vem de uma família de surfistas. “Meu irmão é tetracampeão carioca, bicampeão brasileiro, meu pai também é surfista, não é muito conhecido, mas gosta de ondas grandes, e a gente acaba correndo atrás para conseguir viajar. Meu irmão agora está com patrocínio, mas eu estou sem”, conta o rapaz, que é filho de Chumbão, de Saquarema.
Esse ano ele começou a competir no WQS, a segunda divisão do Circuito Mundial, e correu sua primeira etapa no Chile. Fez uma boa primeira fase, mas na segunda não foi muito bem. “Já estava sem patrocínio, então isso abala o psicológico. Quero disputar os campeonatos, só que o gasto é grande. Estou correndo atrás, vamos ver no que vai dar”, diz.
Claro que para um garoto tão novo, não é fácil disputar ondas no Havaí, lugar reconhecido mundialmente por seu forte localismo. “O segredo aqui é respeitar todo mundo e esperar sua hora. Quando eles percebem que você respeita todo mundo, eles vão deixar você pegar uma onda, como deixaram eu pegar aí. É o terceiro dia que entro aqui em Pipe e me dou bem, todos estão vindo falar comigo, ganho elogios, então estou super feliz”, explica.
Chumbinho revela que na primeira temporada já teve problema com os temidos black trunks, locais que não gostam de “estranhos” em suas ondas. “Esse ano não tive muito problema. Só recebi uma chamadinha outro dia aqui em Pipeline, porque peguei uma onda boa e o cara veio perguntar para mim se eu achava que iria pegar outra. De qualquer maneira, está tranquilo, eu acho que eles estão certo, pois aqui é o local deles. Acho que eles precisam fazer isso pois senão ninguém respeita. Se respeitar todo mundo, vai acabar se dando bem”, conclui.