China reforça segurança no Tibete para chegada da tocha

Na véspera da chegada da tocha olímpica ao Tibete, ainda há cerca de mil pessoas presas sob suspeita de participação nos protestos contra a China realizados na região no mês de março, segundo estimativa da organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional. Mais de três meses depois das manifestações, não foram apresentadas acusações nem iniciados processos formais contra a maioria dos detidos.

"Muito pouca informação está vindo do Tibete, mas a informação que nós recebemos mostra um cenário de prisões arbitrárias e abuso contra os prisioneiros", disse Sam Zarifi, diretor da Anistia Internacional para a região Ásia-Pacífico.

A tocha percorrerá no sábado as ruas de Lhasa, capital da região, apesar dos protestos de grupos ligados a tibetanos exilados e de entidades de defesa dos direitos humanos. A Campanha Internacional pelo Tibete enviou no início do mês uma petição com 6 mil assinaturas ao Comitê Olímpico Internacional pela qual solicitava que o Tibete fosse excluído do percurso da tocha dentro da China – o pedido foi negado.

O argumento da entidade era o de que a passagem do símbolo olímpico pela região levaria à adoção de medidas de segurança ainda mais duras que as adotadas depois dos protestos de março, os mais violentos em duas décadas.

A organização Human Rights Watch afirmou na terça-feira que a manutenção do Tibete no roteiro da tocha ameaça "manchar" o espírito olímpico. A entidade critica o fato de que a região será usada como instrumento de propaganda, ao mesmo tempo em que o governo chinês a mantém fechada para investigadores independentes.

Depois dos confrontos de março, as autoridades de Pequim proibiram a entrada no Tibete de jornalistas, turistas e ativistas – e virtualmente isolou a área do restante da China e do mundo. Para a cobertura da passagem da tocha, no sábado, o governo chinês convidou 30 meios de comunicações de diferentes países – do Brasil, a escolhida foi a TV Globo.

Os jornalistas sairão nesta sexta-feira de Pequim e retornam à cidade no domingo, o que deixará pouco espaço para qualquer outra atividade além da cobertura da apresentação do símbolo olímpico. Além disso, todos serão vigiados de perto por funcionários chineses.

De acordo com a Anistia Internacional, a polícia realizou nas últimas semanas inúmeras batidas em mosteiros e casas tibetanos, nas quais foram confiscados celulares, computadores e outros meios de comunicação. O contato com monges dentro do Tibete era um dos principais mecanismos utilizados pelos grupos que estão no exterior para se manterem informados sobre a situação na região.

Antes do Tibete, a tocha olímpica passou por Xinjiang, província muçulmana do extremo oeste que também alimenta sentimentos de independência ou maior autonomia em relação a Pequim. Na capital Urumqi e em Kashgar, os jornalistas foram proibidos de entrevistar qualquer pessoa nas ruas e só tiveram permissão para ficar nos pontos de chegada e partida da tocha, sem poder acompanhar seu percurso.

Policiais em fila correram o tempo todo ao lado da tocha, isolando-a do público. Ainda assim, só puderam assistir ao desfile pessoas previamente credenciadas. As demais foram orientadas a ficar em suas casas e a acompanhar o percurso da tocha pela TV.

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