A decisão deste domingo entre Chile e Alemanha encerra a Copa das Confederações em grande estilo na Rússia. De um lado está a versatilidade do futebol sul-americano, com sua ginga, inspiração e entrega, como foi a seleção chilena neste evento-teste da Fifa para a Copa do Mundo de 2018. Do outro tem a temida bandeira dos atuais campeões do mundo, um time jovem escolhido pelo técnico Joachim Löw, que provavelmente não será o mesmo que estará no país europeu após obter classificação nas Eliminatórias (somente Rússia, Brasil e Irã estão garantidos), mas que deixa boa impressão com um futebol organizado, forte taticamente e ofensivo. A final na Arena Zenir, em São Petersburgo, às 15 horas (de Brasília), reúne duas escolas distintas do futebol.
O Chile sai na frente com a empolgação de sua torcida. De longe os torcedores chilenos (cerca de 12 mil) foram os mais animados nesta competição, contagiando os russos em todas as cidades do torneio. Não seria demais supor que a Arena Zenit, palco da partida e cuja capacidade é de 68.134 pessoas, estará pintado de vermelho – não o vermelho russo, mas o chileno.
A dedicação mostrada diante de Portugal, do astro Cristiano Ronaldo, será a mesma frente aos alemães. O Chile toca a bola do meio para trás à espera de uma penetração de seus homens de frente Vargas, Alexis Sanchez ou mesmo o incansável Arturo Vidal, a inspiração do time. Os chilenos não perdem jogo sem suar a camisa. E ganharam nas defesas de Claudio Bravo, que pegou três pênaltis seguidos na decisão contra os portugueses, um ponto de desequilíbrio caso precisem. Estão confiantes.
Há um fator, no entanto, que poderá tornar a disputa mais lenta ou previsível. É o cansaço. O Chile teve de correr 30 minutos a mais na prorrogação contra os portugueses na semifinal e ainda foram expostos ao desgaste mental dos pênaltis. A Alemanha não passou por isso. Contra o México, o time de Joachim Löw decidiu nos 90 minutos, fazendo 4 a 1. Mas jogaram um dia depois do que o rival deste domingo. Portanto, estão menos descansados.
O Brasil ganhou a Copa das Confederações em 2013, sobre a Espanha, e depois ficou pelo caminho no Mundial um ano mais tarde. O técnico da Alemanha sabe que o evento-teste da Fifa não tem peso nem reflete condições, positivas ou negativas, para o Mundial de 2018. Por isso ele trouxe para o país-sede um time de meninos, cuja média de idade é de 24 anos. Todos têm talento, já jogam nas categorias inferiores da seleção e estão na Rússia para cavar espaço no grupo principal de 2018.
Contra os mexicanos do técnico colombiano Juan Carlos Osorio, brilhou o faro de gol de Leon Goretzka. Ele marcou os dois primeiros gols antes dos 10 minutos de disputa. Draxler, esse sim com a medalha de campeão do mundo no Brasil, em 2014, comanda a molecada. Mustafi e Ginster são os outros do elenco que esteve na Bahia na última Copa. Os chilenos terão de tomar cuidado com as arrancadas de Werner, sempre perigoso, e com a movimentação de Lars Stindl. A Alemanha defende-se bem e sai com rapidez e inteligência ao ataque. Usa o meio de campo e as laterais para isso, com passes esticados no chão – o oposto do Chile, que prefere os lançamentos pelo alto.
Em jogo, na cidade de São Petersburgo, está o estilo de duas seleções que ainda tentam se classificar para a Copa do Mundo, mas que certamente voltarão à Rússia mais bem credenciadas em 2018. A Alemanha tenta confirmar a sua soberania depois de 2014. Os chilenos correm para se juntar a Brasil e Argentina como maiores forças sul-americanas para o Mundial. Jogam para ganhar títulos e por respeito.