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Marcello Lippi joga pelo título e pela salvação do próprio nome.

Berlim (AE) – Futebol é bola na rede, diz um dos jargões mais antigos do esporte. Itália e França fazem hoje uma final de Copa que, de certa forma, inverte esse princípio básico, universal e consagrado.

As duas seleções que garantiram presença no palco do Estádio Olímpico de Berlim, a partir das 15h (de Brasília) se esmeraram na marcação, a ponto de estar entre as menos vazadas, e não foram tão generosas assim no ataque.

A Squadra Azzurra só levou um gol – no duelo com os EUA – e marcou 11, assim como Argentina e Alemanha (antes do confronto com Portugal). Os bleus tomaram dois – da Coréia do Sul e da Espanha – e só marcaram 8. Se essas estatísticas prevalecerem não será surpresa a decisão da 18.ª edição do mundial parar nos pênaltis.

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Há bons motivos para os dois finalistas comemorarem. Ambos desembarcaram na Alemanha com ambiente conturbado, tenso e cercados de incertezas. A Itália iniciou a fase final de preparação no meio de um furacão que ainda não terminou e que atingirá clubes, dirigentes, empresários.

O francês Raymond Domenech quer vencer de vez os críticos.

Até o técnico Lippi está envolvido, porque teria sido pressionado por Moggi e Giraudo, seus ex-patrões na Juve. O goleiro Buffon e o zagueiro Cannavaro também foram incluídos entre suspeitos de irregularidades – o primeiro por apostar em sites esportivos; o segundo, por supostas irregularidades na documentação de transferência do Parma para a Juventus.

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O mar de lama não atingiu a França. No seu caso, pesou muito a desconfiança dos torcedores, incentivados por uma crítica severa ao técnico Raymond Domenech. Barthez, Thuram, Vieira, Makelele e até Zidane não inspiravam muita empolgação. Os velhinhos reagiram e, sem alarde, deixaram para trás rivais de peso. Um dos segredos, além de marcação eficiente e incansável, foi Zidane. Há quem dê como certo que será escolhido como o nome da Copa mais uma vez, como em 1998.

No momento em que o argentino Horacio Elizondo apitar o fim do jogo, fecha-se um dos mundiais menos empolgantes dos últimos tempos. O que não tira o brilho da organização e também não diminui o valor da vitória pessoal e política de Franz Beckenbauer, o maior divulgador do evento. Já na volta olímpica dos campeões, o mundo se volta para a África do Sul, o ponto de encontro de 32 seleções, dentro de quatro anos. Mama África pretende mostrar que não é mais colônia de europeus. Que assim seja.