Chegou a hora da verdade. Seleção estréia no Mundial

Foto: Divulgação
Parreira libera meia para repetir
na seleção o que faz no Barça.

A hora da verdade para o Brasil, enfim, chegou. A seleção de Ronaldo, Ronaldinho e Kaká estréia na Copa do Mundo com a missão de justificar o favoritismo, confirmar sua força e mostrar que é considerada a melhor do mundo com justiça. O confronto com a Croácia, às 16h (de Brasília), atrai grande atenção em toda a Europa, é o recordista de cobertura de imprensa e vai levar ao Estádio Olímpico de Berlim mais de 60 mil torcedores.

Um aperitivo do que ocorrerá nesta noite na Alemanha pôde ser provado ontem. A entrevista de Carlos Alberto Parreira e dos jogadores levou ao estádio centenas de jornalistas. Na frente do hotel em que a seleção está hospedada, era fácil observar outras centenas de pessoas em busca de autógrafos ou fotos dos ídolos. Um repórter inglês chegou a comparar a paixão do público pela seleção brasileira com o que ocorreu com os Beatles, banda formada em Liverpool, nos anos 60. Talvez tenha exagerado um pouco, mas o que se vê em relação à seleção brasileira é realmente impressionante.

O time de Parreira é, de longe, o mais assediado entre todos na Copa. Na mídia, o Brasil massacra os adversários. O jogo de maior procura pelos jornalistas na primeira fase é o de hoje, em Berlim. Mais de 800 profissionais estão na lista de espera para conseguir entrada.

A maioria não terá sucesso.

Tudo isso por causa da badalação da equipe sul-americana, considerada a número 1 da atualidade.

Os resultados levaram o Brasil a essa condição. Ganhou, afinal, o último Mundial, a Copa América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005. E conta com vários dos atletas mais conceituados do futebol.

Os elogios, o favoritismo e o prestígio, por outro lado, aumentam a responsabilidade do grupo. Aspecto, aliás, bastante discutido internamente entre Parreira e os jogadores. E um obstáculo a ser superado.

?O povo não espera nada que não seja a vitória, as pessoas já consideram o título ganho pelo Brasil e isso aumenta nossa pressão?, declarou Parreira, com semblante tranqüilo, durante entrevista coletiva, à noite, no Estádio de Berlim.

A preocupação do treinador nos últimos dias foi tentar diminuir essa cobrança em cima do elenco, embora saiba que tem à disposição profissionais experientes e maduros.

À imprensa, disse que a obrigação de vencer é da Alemanha, ?por ser o time da casa?.

Parreira reiterou que não espera exibição de gala diante dos croatas. E tem razão para cautela. Apesar da badalação, o Brasil não disputa um jogo oficial desde outubro do ano passado. ?O importante é vencermos?, ressaltou.

Em 2006, enfrentou três adversários inexpressivos em amistosos – Rússia, time suíço do Lucerna e Nova Zelândia – e não pôde ser testado. Por isso, o técnico campeão mundial em 94 disse que ?chegou a hora da verdade?. Ninguém cogita, na Europa, a possibilidade de os galácticos do Brasil negarem fogo na hora da decisão. Mas Ronaldo se recupera de contusão, Adriano e Roberto Carlos tiveram temporada ruim e Dida não mostrou a regularidade de outros anos.

O desempenho do quarteto mágico é cercado de expectativa. O mundo espera show de Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo. Mas será que o esquema ofensivo não vai abrir espaço para o adversário na defesa?

O otimismo é grande e levou Parreira a dizer que ?o time reserva do Brasil não deve nada para a Croácia?. Os croatas não gostaram nada de seu comentário e prometem dificultar a partida.

Os 11 titulares estão definidos desde 15 de maio e a seleção nunca esteve tão tranqüila para a estréia numa Copa. O único fator que provocou alguma instabilidade foi a divulgação da notícia de que a promotoria de Roma pediu a prisão de Cafu por uso de documentos falsos. Os brasileiros ficaram irritados e disseram se tratar de manobra para prejudicar a equipe.

COPA 2006
GRUPO F – 1.ª FASE
Árbitro: Benito Archundia (MEX).
Horário:16h (de Brasília).
Local: Estádio Olímpico, em Berlim.

Brasil x Croácia

Brasil
Dida; Cafu, Lúcio, Juan e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Adriano e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Croácia
Stipe Pletikosa; Dario Simic, Robert Kovac, Josip Simunic e Marko Babic; Niko Kovac, Igor Tudor, Darijo Srna e Niko Kranjcar; Ivan Klasnic e Dado Prso. Técnico: Zlatko Kranjcar.

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