Foto: Orlando Kissner / GPP |
Lima é uma das principais esperanças |
Porto Alegre – Longe da Arena, mas tentando trazer o máximo de carinho para jogar no Rio Grande do Sul. Claro que não é a mesma coisa, mas o Atlético tem tudo para se sentir em casa quando entrar em campo, hoje à noite. Além do apoio dos milhares de torcedores que virão de Curitiba, o Rubro-Negro está cativando os gaúchos e terá uma torcida a mais para enfrentar o São Paulo na primeira partida da final da Copa Libertadores da América. O jogo está programado para as 21h45, no Beira-Rio.
Se o Furacão não pode jogar em seu Caldeirão, não será por isso que o Tricolor do Morumbi terá maior facilidade. Se a primeira impressão é a que fica, a torcida local já se decidiu. É Atlético desde criancinha. Motivos não faltam. A torcida do Internacional se sente honrada em ceder o estádio e torce pelo técnico Antônio Lopes, que deu o título de 1992 da Copa do Brasil aos colorados.
Os gremistas não ficam por baixo. Têm um motivo bem diferente, mas não vão deixar de torcer pelas cores rubro-negras. Como os paulistas já estão até falando em "Moruntri", a parte azul do Rio Grande já adotou o Furacão. Tudo para não deixar o São Paulo passar o Grêmio em termos de Libertadores, já que cada clube tem duas conquistas do principal torneio continental.
Isso sem contar a rivalidade com o eixo Rio-São Paulo, que deverá unir todas as torcidas. Como a diretoria do Atlético não é boba nem nada, desembarcou em peso na capital gaúcha para promover a partida e aproveitar a oportunidade. Mesmo antes da delegação, vieram as tropas do marketing e da comunicação. Tudo para turbinar a torcida rubro-negra com gremistas e colorados.
Pelo menos, ninguém vai poder dizer que não sabia que Porto Alegre receberia uma final de Libertadores. Tem até trio elétrico tocando o hino do clube da Baixada pelas ruas de Porto Alegre. E não é qualquer caminhão. Os dirigentes rubro-negros contrataram o folclórico vereador e gremista Brasinha para avisar a todos da partida de hoje. Enquanto isso, a assessoria de imprensa fazia um corpo-a-corpo nos veículos de comunicação para divulgar o jogo.
Já pelo lado oficial, os dirigentes se cercaram para garantir a normalidade da partida. O diretor de patrimônio, Jorge Vargas, se reuniu com a secretaria de segurança pública, enquanto o presidente do conselho deliberativo, Mário Celso Petraglia, se reuniu com o governador Germano Rigotto, no Palácio Piratini.
E o Furacão chegou!
Porto Alegre – Desacreditado e quase sem querer, o Atlético dá hoje o primeiro passo em busca do sonho de conquistar a América. Foram trancos e barrancos durante o ano, planejamentos feitos e refeitos, estratégias atropeladas e revistas, mudanças de comando técnico, jogadores indo e vindo e uma final de Copa Libertadores. Nunca o Rubro-Negro renasceu tantas vezes e nunca esteve tão perto de sua primeira conquista internacional. Contra o São Paulo, o Furacão faz sua maior disputa nos seus 81 anos de vida e pode chegar onde nunca esteve.
Se existe alguma receita para disputar o torneio e vencer, o Atlético não seguiu nenhuma. Brigou com a torcida, descartou ídolos, contratou no atacado, investiu em treinadores inexperientes e foi mudando tudo conforme o vento. Atirou no que viu e acertou o que não viu. E que acerto. Trouxe o velho Delegado de volta e encontrou a unidade que faltava para entrar nos trilhos. Fez um mutirão para corrigir a rota fora das quatro linhas e colheu resultados expressivos. O mundo passou a conhecer o "Huracán".
Se a equipe era um vexame só no Campeonato Brasileiro e a goleada sofrida para o Independiente Medellín antevia o fundo do poço, a vitória do Libertad sobre o América de Cali colocava o Rubro-Negro de novo no páreo. Azar dos adversários. Sempre como franco atirador, o Furacão arrasou o Cerro Porteño, o Santos e o Chivas Guadalajara. Não era favorito contra nenhum deles, jogou magistralmente contra todos e não deu chance para nenhum.
Enquanto pôde usar, fez da Arena a arma mais temida pelos adversários e quase uma garantia de classificação. Para a final, sem seu Caldeirão, a dúvida paira no ar. Conseguirá o Atlético o mesmo rendimento fora de seu reduto? Essa é a grande questão a ser resolvida. Nos mata-mata, fora de casa, perdeu para os paraguaios, venceu os santistas e empatou contra os mexicanos.
Contra o São Paulo, precisa fazer o resultado no Beira-Rio para deixar a responsabilidade para os paulistas. Ao contrário das fases anteriores, agora não existe mais gol qualificado. Isso quer dizer que gol marcado fora de casa tem peso igual ao marcado em casa. Para definir o campeão, em caso de empate nos critérios técnicos após as duas partidas, a decisão irá para prorrogação e até pênaltis, caso necessário.
Diego é a grande atração em Porto Alegre
Foto: Orlando Kissner / GPP |
O gaúcho Diego foi bastante |
Porto Alegre – Bastou saltar do avião e chegar ao portão de desembarque para o goleiro Diego ser um dos mais assediados jogadores do Atlético. Gaúcho de Itaqui, um forte vínculo com, Caxias do Sul e reconhecido com um dos melhores na posição, ele teve que se desvencilhar da imprensa e dos fãs para poder chegar até o ônibus da delegação. Mesmo assim, aproveitou para fazer sua panfletagem e chamar a galera local para torcer pelo Furacão.
"Eu fiz um bom trabalho de boca-a-boca e pedi para os meus familiares, para os meus amigos falarem com mais pessoas, com Caxias do Sul, dei entrevistas lá, pedindo até a ajuda da torcida do Juventude", revela o arqueiro. Para ele, contra o São Paulo, os gaúchos devem torcer para o Furacão. "Nesse jogo, todas as torcidas do Rio Grande do Sul têm que vestir uma única camiseta, que é a camiseta do Atlético", aponta.
O goleiro rubro-negro até explica o porquê dessa corrente. "O que é melhor para nós aqui do sul do país? Que ganhe uma equipe do sul ou uma equipe de São Paulo. Eu acho que essa escolha é para uma equipe aqui do sul do país", destaca Diego. Mesmo assim, ele não abre da torcida rubro-negra e sabe que terá esse apoio. "Se esse jogo fosse no Japão teria também 40 mil torcedores atleticanos", finaliza. (RS)
Nada de faltas perto da área
Porto Alegre – O técnico Antônio Lopes já detectou o principal cuidado que deverá ter para segurar o São Paulo: impedir que o goleiro Rogério Ceni dispare seu arsenal contra Diego. Nos trabalhos secretos no CT do Caju, o treinador posicionou o time para evitar faltas e para tentar tirar proveito do arqueiro fora de posição nas cobranças. Além dessa preocupação, o atacante Aloísio ainda não está confirmado, mas deverá jogar.
"Todo mundo sabe que o Rogério é um grande cobrador de faltas e não podemos deixar que ele faça as cobranças porque leva muito perigo", aponta o Delegado. Para ele, a defesa não pode ficar dando chances ao adversário. "Não podemos dar essa arma para eles. Ele é muito bom e não podemos ficar fazendo falta na frente da área", destaca.
Se for inevitável fazer faltas, a armadilha está armada. Nos trabalhos secretos do CT do Caju, Lopes colocou a equipe para sair rápido no contra-ataque. A idéia é reprimir o ímpeto do arqueiro paulista. Mas ninguém quer revelar como será esse antídoto. Novamente, a imprensa só entrou no CT do Atlético após os trabalhos e não pôde conferir como foram os ensaios.
Nem mesmo o aproveitamento do atacante Aloísio está confirmado. O jogador sofreu uma distensão na partida contra o Chivas e passou os últimos dias em tratamento. No entanto, esse deverá ser mais um jogo de esconde-esconde de decisão. O atacante viajou com a delegação e dificilmente ficará de fora da partida contra o São Paulo.
Com isso, Lopes terá quase toda a equipe à disposição. Com exceção do atacante Dênis Marques, os demais jogadores inscritos na Libertadores estão em Porto Alegre. Até o meia Evandro, que retornou da disputa do Mundial sub-20, viajou e pode ser mais uma opção para a montagem da equipe. (RS)
Lopes contesta o Morumbi
Porto Alegre – Se a Arena não pode receber uma partida pela final da Copa Libertadores da América, o Morumbi pode? Esse é o questionamento que o técnico Antônio Lopes faz em relação ao palco da segunda partida. Ele está preocupado com a falta de segurança do estádio paulista, que não ofereceu as condições adequadas na partida do Tricolor contra o River Plate. Para o Delegado, o estádio deveria ser até interditado.
"Eu acho que deveria ser interditado também. Tenho certeza que a diretoria do Atlético vai se manifestar e vai entrar com uma representação diante da Sul-americana e da própria CBF, porque o Morumbi não oferece garantias", aponta Lopes. Ele diz que o torcedor do Rubro-Negro não terá a segurança necessária para assistir a partida de volta da final da Libertadores. "Não vai ter segurança, haja vista o que aconteceu com a torcida do River Plate, que foi espancada lá num jogo da própria competição", explica.
A diretoria do clube, por enquanto, não quer se manifestar sobre o assunto. (RS)
Torcedor larga o trabalho
Porto Alegre – Nem bem completou um mês em seu novo trabalho e o atleticano Elysson Roberto Ordones já gazeou o "trampo" para recepcionar o Atlético na capital gaúcha. Fã da Tribuna e louco pelo Rubro-Negro, ele colocou o uniforme oficial do torcedor e foi saudar a chegada da delegação do Furacão no Aeroporto Salgado Filho. Como prêmio, ele pôde ver de perto seus ídolos e conseguiu vários autógrafos.
"Nós gostamos do clube e por amor a gente faz isso. Se lá em Curitiba a gente fazia isso, não pode parar de fazer isso longe, não é?", explicou o empolgado rubro-negro. Confiança numa boa apresentação da equipe e numa boa vitória é o que não falta. "Se Deus quiser. Vamos brigar pelo título. O time é briguento demais, cresceu demais e não tem quem tire esse título da gente", apontou.
Na bandeira do clube, os prêmios pela dedicação ao Furacão. "Consegui vários autógrafos. Era tudo o que eu queria", vibrou. (RS)
Torcida prepara invasão
Carlos Simon
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Ônibus começaram a partir |
Ônibus, carro, van, avião: de acordo com o tempo, disposição ou condição financeira, os atleticanos se mobilizaram ontem, para assistir ao primeiro jogo da decisão da Libertadores. A expectativa é que pelo menos 10 mil rubro-negros deixem o Paraná e invadam Porto Alegre hoje.
Opção mais barata, os ônibus das torcidas organizadas já haviam esgotado no final da tarde de ontem. Um lugar num dos oitenta ônibus das torcidas Fanáticos, Ultras e ETA custava entre R$ 25 e R$ 30 (ida e volta), incluindo o ingresso de arquibancada de R$ 5. Edgar Martins, 23 anos, negociou folga no trabalho como auxiliar de produção para garantir uma vaga. Para ele, o desconto de dois dias no salário é irrisório diante da oportunidade inédita. "Largaria o emprego se fosse preciso. Para ver este jogo vou onde o Atlético estiver", falou o torcedor, que acompanhará a caravana dos Fanáticos.
Vinte dos ônibus foram destinados a torcedores como o panfleteiro Bruno Maurício Ciscon, 17 anos, que ficou desde sábado na fila das bilheterias da Arena para comprar ingresso. Cadastrado pelo ETA, ele garantiu lugar gratuito na excursão. "Acabou ficando mais barato", festejou o torcedor, que iria gastar R$ 15 (ingresso de estudante) se a partida fosse na Arena. Um pequeno consolo frente ao prejuízo de R$ 20 para cada dia sem trabalho.
Mais 40 ônibus do interior do Estado chegam de madrugada a Curitiba e viajam em comboio com os demais, a partir das 6h.
Quem quis evitar a agitada excursão das organizadas pôde optar, por exemplo, por vans. Somente entre as 13h e as 17h de ontem, a MJG Transportes encheu dois carros com 15 lugares cada, a R$ 80 por lugar. "Vamos sair às 7h30 justamente para evitar confusões com outros torcedores", disse o proprietário, que se identificou apenas como Marcos. Também em frente à Arena, Gabriel Giorno, da Exclusiva Viagens, organizou sua excursão e lotou três ônibus particulares. Os preços variavam entre R$ 60 (convencional), R$ 70 (executivo) e R$ 120 (leito). "Como as passagens aéreas acabaram, muitos executivos e famílias acabaram nos procurando", disse Gabriel. Realmente, as companhias comerciais não tinham mais vôos para Porto Alegre. O próprio Atlético fretou um vôo a R$ 450, mas ontem não havia mais vagas.
Todas as excursões, somadas às centenas de atleticanos que viajarão de forma independente, atingirão o número de 10 mil atleticanos na capital gaúcha, nas contas do presidente do ETA, Doático Santos. Até ontem 15 mil ingressos haviam sido vendidos – as bilheterias em Porto Alegre abrem somente hoje.
Esquema especial pra escoltar caravana
O deslocamento de milhares de torcedores em direção a Porto Alegre motivou a criação de um esquema especial de segurança por parte das polícias de São Paulo e dos Estados do Sul. A "Operação Furacão", nome dado à ação no Paraná, estabeleceu como prioridade evitar o confronto entre torcidas nas estradas.
Por isso, as caravanas que saíram ontem à noite de São Paulo seguem pela BR-116, passam pelo Contorno Leste, Fazenda Rio Grande e toma o caminho do interior do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As excursões de atleticanos partem no início da manhã de hoje e seguem pelas BRs-376 e 101, cortando o litoral catarinense e gaúcho.
Todos os torcedores serão escoltados desde a cidade de origem até Porto Alegre. No Paraná, 80 PMs e 40 policiais rodoviários federais trabalharão como batedores dos 5 mil são-paulinos que passam pelo Estado e dos 6 mil atleticanos que saem em comboio de Curitiba. Policiais do BPTran vão fechar ruas próximas à Arena para facilitar a saída dos rubro-negros. Na divisa com Santa Catarina, a PM e a PRF daquele Estado assumem o comando da operação, e o mesmo acontece no Rio Grande do Sul.
Segundo Marcelo Cidade, comandante de policiamento da 1.ª Delegacia da PRF no Paraná, torcedores do Atlético poderão trafegar pela 116, e o mesmo ocorre com os são-paulinos em relação à 101. "Excursões avulsas não costumam causar briga ou danos a estabelecimentos comerciais. De qualquer modo, as equipes de plantão fora do comboio vão monitorar as rodovias", disse o policial.
O Chefe do Núcleo de Operações Especiais da PRF, Iraci Gehrke, lembrou ainda que os veículos terão que se deslocar dentro dos limites de velocidade permitidos e com toda a documentação necessária. No retorno, a operação conjunta será realizada nos mesmos moldes.
A PM também monta esquema diferenciado em Curitiba para o final da partida. O objetivo é garantir a segurança de quem sairá de casa para acompanhar a decisão em bares ou outros locais. O policiamento será reforçado nos terminais de ônibus.
Torcedor gaúcho é rubro-negro
Foto: Orlando Kissner / GPP |
Caminhão com as bandeiras do Atlético, |
Na final da Libertadores, o público gaúcho em geral será rubro-negro; as organizadas do Internacional pendem para o lado são-paulino. Numa decisão em que ambas as equipes jogam como visitantes, o apoio do torcedor teoricamente neutro pode fazer um dos finalistas se sentir em casa.
Ontem, o jornal Zero Hora, o maior de Porto Alegre, lançou em sua edição on-line a seguinte enquete: "Para quem os gaúchos vão torcer na final da Libertadores?". Até o final da tarde, o resultado não deixava dúvidas: 71% de votos para o Atlético, 17% para o São Paulo e 12% para a opção "Nenhum dos dois".
Henrique Martins, produtor e repórter da tradicional Rádio Gaúcha, sentiu a mesma tendência por parte dos ouvintes. Para ele, a rivalidade entre sulistas e paulistas fala mais alto. "Além disso, o Atlético tem jogadores identificados com o Rio Grande do Sul, como Diego, Cocito e Marcão, e é visto como injustiçado por não poder jogar na Arena", explica o radialista. O goleiro do Furacão compreendeu esta proximidade e fez seu pedido. "É o momento do Sul se unir. Que as torcidas de Grêmio, Inter e Juventude se unam com a do Atlético para fazerem uma festa linda e empurrarem nosso time", falou o jogador revelado no time de Caxias do Sul.
Martins lembra, entretanto, que todo o apoio dos gaúchos não vai se comparar com a pressão de um jogo dentro de casa. "O torcedor será simpático ao Atlético, mas não agirá como os Fanáticos", disse.
Mas o São Paulo também terá seu apoio, graças a uma afinidade histórica entre a extinta Torcida Independente e a Camisa 12, maior organizada do Inter. Não haverá um posicionamento oficial, mas o secretário da Camisa 12, Renato de Souza Camargo, acredita que nenhum membro do grupo seguirá os atleticanos. "Sempre que vamos a Curitiba há alguma complicação com os Fanáticos. Cada um tende ao lado que quiser, mas temos restrições ao Atlético", falou o líder de torcida, que admite, entretanto, o alinhamento do "torcedor comum" ao Rubro-Negro. (CS)
Arquibancadas ficam para o Atletiba
Foto: Valquir Aureliano / GPP |
Operários trabalharam até as 18h de ontem, para deixar tudo pronto. |
A transferência do jogo contra o São Paulo para Porto Alegre não interrompeu a instalação das arquibancadas tubulares na Arena. O Atlético havia prometido finalizar os trabalhos às 15h de ontem, mas às 18h cerca de 50 operários continuavam montando a estrutura metálica. O espaço para 16 mil torcedores será usado no Atletiba de domingo.
Segundo o engenheiro encarregado da obra, Heron Polatti, não houve atraso e as vistorias do Corpo de Bombeiros, da Prefeitura e da Polícia Militar poderiam ser feitas na tarde de ontem. "Faltam apenas ajustes", justificou, prevendo o arremate para as 9h de hoje.
As arquibancadas são as mesmas usadas em shows musicais, rodeios e outros eventos esportivos. Em 2004, uma estrutura com tamanho semelhante à da Arena foi montada para a Copa Davis de tênis, na Costa do Sauípe (BA). Os trabalhos levaram um mês. "Realizar esta obra em três ou quatro dias é algo inédito", falou o engenheiro, que não soube dizer se a estrutura será desmontada após o clássico de domingo. (CS)
Tricolor é favorito
São Paulo (AE) – Tradição não ganha jogo nem torna um time campeão, mas se depender do peso da história, o São Paulo entra como favorito diante do Atlético, no primeiro jogo da final da Taça Libertadores, às 21h45, no Beira-Rio, em Porto Alegre. Ao contrário do adversário, que chega pela primeira vez à decisão, o time do Morumbi já venceu a competição duas vezes – 1992 e 1993 – e tenta manter a escrita de nunca ter perdido para times brasileiros em decisões continentais. O técnico Paulo Autuori reconhece o peso da história num confronto como este, mas não acha que é fator determinante. "O que vale é ter um time mais acostumado a decisões. Mas a verdade do jogo se conhece em campo", afirmou o treinador.
É a primeira vez que dois times brasileiros decidem a Libertadores – até 1999, o regulamento não permitia -, mas já ocorreram 13 finais entre clubes de um mesmo país na América do Sul. Três delas com vitória do São Paulo: na Supercopa, contra o Flamengo, em 1993, e na Recopa – que reunia o campeão da Libertadores e da Supercopa -, contra Cruzeiro, em 1992, e diante do Botafogo, em 1993. As conquistas são-paulinas ocorreram na Era Telê Santana, que o time tem a chance de resgatar este ano, se for campeão. "É um título que persigo na minha carreira, um objetivo que busco há muito tempo", diz o goleiro Rogério Ceni, reserva de Zetti na época.
Experiência
Mais do que a tradição, o São Paulo tem a seu favor a experiência, pois alguns jogadores do elenco já fizeram história na Libertadores, casos do atacante Luizão, maior artilheiro brasileiro no torneio – 27 gols – e campeão pelo Vasco, em 1998, e o lateral-esquerdo Júnior, que levantou a taça em 1999, pelo Palmeiras. "Tenho muita identificação com a Libertadores e ser campeão agora, que estou perto de encerrar a carreira, será muito importante", disse o atacante, de 30 anos. "Esse é um momento mágico para todos nós", diz o lateral. "O jogador que é campeão da Libertadores entra para a história do clube, e ninguém pode apagar isso", diz Júnior, que chegou à final nas três Libertadores que disputou.
Luizão tem a receita para ter sucesso na competição continental. "Só jogar com técnica não conta tanto. É preciso ter espírito de luta", diz, alertando para as armas do adversário. "O Antônio Lopes (técnico do Atlético) já venceu a Libertadores (com o Vasco, em 1998) e sabe motivar seus jogadores".
Paulo Autuori garante que o São Paulo não vai mudar suas características e confirmou a volta de Cicinho na lateral-direita, além do esquema com três zagueiros. "Temos mantido o nível de apresentações dentro e fora de casa. Precisamos melhorar em alguns detalhes, mas já mostramos maturidade", comenta. "Já atuamos contra Palmeiras e River Plate, jogos que tiveram clima de final."
Cicinho volta cheio de moral
São Paulo (AE) – "Vou para a seleção, mas volto para ajudar o São Paulo na final da Libertadores." A frase, em tom profético, foi dita há algumas semanas por Cicinho, antes de seguir para a Alemanha, para a disputa da Copa das Confederações. A afirmação não apenas se comprovou como seu autor retorna com moral elevado para tentar conquistar o terceiro título na temporada. "Estou preparado e confiante. O mais importante foi voltar e ver que o ambiente entre os jogadores é o melhor possível", comentou.
As conquistas coincidem com a melhor fase da carreira. Depois de boas – mas longe de brilhantes – apresentações em 2004, Cicinho foi uma das peças fundamentais na conquista do Campeonato Paulista, em abril.
Chamou a atenção da comissão técnica da seleção brasileira e, pela excelente atuação na Copa das Confederações, garantiu uma vaga no elenco que vai à Copa do Mundo no próximo ano. "Sempre que foi preciso, dei conta do recado, tanto no São Paulo quanto na seleção", comenta o jogador. "Mas a Copa do Mundo ainda está longe, meu objetivo era o de deixar uma boa impressão e ser lembrado outras vezes."
Mesmo à distância, Cicinho acompanhou os três jogos – o segundo duelo contra o Tigres, no México, e as duas partidas diante do River Plate – pela Libertadores através da internet. "O Marcos tirava sarro, dizendo que o São Paulo ia perder, mas quando vencemos o River Plate, todos os jogadores vieram me cumprimentar", contou.
Poder contar com Cicinho é um alívio para os são-paulinos. Não apenas por sua boa fase, mas porque Michel, contratado para ser seu substituto, não conseguiu se firmar – tanto que nos últimos jogos da Libertadores, Souza e Mineiro se revezaram na posição. O retorno do lateral também encerra, ao menos por enquanto, as especulações sobre sua ida para o futebol europeu. "Tenho contrato até 2008 e quem quiser me contratar tem de falar com o São Paulo, que tem 60% do meu passe", disse o lateral, sondado por Porto, de Portugal, e Bétis, da Espanha.