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‘Chega de comandar a modalidade com desrespeito’, critica Magic Paula

Ao lado de Hortência, Paula – apelidada de Magic Paula nos tempos de jogadora – assumiu o papel de embaixadora da Liga de Basquete Feminino (LBF) na temporada 2016/2017. Em entrevista ao Estado, a ex-armadora expôs sua preocupação com o momento de crise enfrentado pelo basquete nacional e comentou sua disposição para ajudar a reestruturar a modalidade. Ela também não poupou de críticas a gestão da Confederação Brasileira de Basquete (CBB): “Chega de comandar a modalidade com desrespeito.”

Qual será seu papel como embaixadora da LBF?

O convite apareceu porque o Jogo das Estrelas da última edição foi muito legal. Nosso papel aqui é, com a nossa imagem, poder agregar mais parceiros. Estamos querendo ajudar, entramos para somar. Pelo que a nossa geração fez, pela imagem que a gente tem ainda no basquete, a gente espera poder fortalecer a Liga a cada ano.

Qual sua visão sobre o calendário da LBF?

O desgaste é muito grande para as jogadoras. Mas a gente está em um momento que precisa pensar assim: se não fosse a Liga, talvez não tivesse campeonato. Com a Confederação desse jeito, sem a Liga não teria atividade para as meninas. Melhor jogar quase todo dia e ter uma competição do que as meninas ficarem desempregadas. Se tivesse como manter todo mundo jogando por mais tempo, fazer os jogos mais espaçados seria muito melhor.

Como vê o momento do basquete brasileiro?

Momento delicado, uma não preocupação com a modalidade por muitos anos. A gente ficou fora do cenário mundial mais de 15 anos, isso se reflete também em uma competição interna. Precisa aumentar o número de jogadoras no País, pensar em uma nova geração. A Liga hoje tem condições de ter só quatro meses de execução, na nossa época era o ano inteiro, com várias competições, por exemplo, Brasileiro, Campeonato Paulista. Felizmente ainda tem parceiros apoiando e tentando ajudar. Precisa ter uma união maior dos clubes, não cada um pensar no seu umbigo. ‘Está bom para mim, não quero saber do outro.’ Se estiver bom para todo mundo, se for um campeonato forte, vai ter divulgação, vai ter público. A gente topou estar junto para ver se consegue ajudar de alguma forma.

Qual sua opinião sobre a crise que a CBB enfrenta hoje, até com uma possível intervenção da Fiba?

Chega de comandar a modalidade com desrespeito, sem gestão. Está na hora de rever o modelo, colocar alguém sério lá dentro, que seja profissional e possa dar um respaldo para a modalidade, que ela merece.

Como o fraco desempenho da seleção brasileira na Olimpíada impacta na modalidade a longo prazo?

Sempre impacta. Quando você não pensa o esporte a longo prazo, de se preparar uma geração pelo menos com dois ciclos olímpicos de antecedência, fazer essas meninas jogarem internacionalmente. Quando vai acontecer de sediar uma Olimpíada de novo? Deviam ter feito uma seleção permanente, uma seleção que ficasse quatro, cinco, seis meses junta treinando e jogando. A gente espera uma geração para pensar na outra, não pensa em uma construção de um trabalho a longo prazo. Fica muito aquém, sempre esperando aquele momento pontual. Foi mal na Olimpíada, mas o que fez para ir bem? Algumas perguntas precisam ser feitas.

Como você vê o interesse do público brasileiro?

Se tem uma competição organizada, competitiva, bem feita, com ídolos, talentos, jogos bons, o público vai. O público gosta de basquete. Talvez os meninos estejam levando uma vantagem por conta disso, por conta da NBA. O moleque assiste, quer jogar e se reflete na liga masculina. Tentar fortalecer, trazer estrangeiros, nós vivemos um momento em que os times todos tinham estrangeiras para ficar mais fortes, a gente aprende também com os reforços. É ter paciência agora, tentar fazer algo diferente.

O que projetar para o futuro do basquete brasileiro?

Agregar a gestão da liga masculina com a feminina é importante. Melhorar governança de clubes, gestão de clubes, tentar ampliar esse modelo para mais meses de competição, tem bastante coisinhas para fazer. Se pensar como que a gente quer que a Liga esteja daqui cinco anos, esse é o grande caminho.

Pensa em ter uma participação cada vez mais efetiva nessa parte de gestão?

Não sei, nunca fui convidada. Se eu sentir que é um trabalho, um projeto que é bacana, que eu compartilho, que tem seriedade, é transparente, é ético, toparia trabalhar. Só não tive essa oportunidade. Quanto mais a gente estiver juntos aqui, outras possibilidades podem aparecer.

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