Chegou ao fim a luta do Atlético para desapropriar as últimas duas residências que estavam inviabilizando as obras de remodelação da Arena da Baixada, que no ano que vem vai receber quatro jogos da Copa do Mundo. Os proprietários das duas últimas casas têm até amanhã para deixar os imóveis. Porém, os heróis da resistência contra as desapropriações vão brigar agora pelo reajuste do valor que a Prefeitura de Curitiba vai pagar pelos imóveis, que segundo o advogado Júlio Brotto, que representa parte das famílias desapropriadas, está abaixo da avaliação imobiliária feita previamente por um perito judicial.

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“Não há o que fazer. Eles vão cumprir e vão deixar as suas casas. Porém, o valor que será pago a esses moradores pela Prefeitura de Curitiba é menor do que valor real das casas. Já foi feita uma avaliação prévia por um perito judicial e foi constatada essa diferença de valores. Na sequência, haverá uma nova perícia definitiva para apurar o valor real dos imóveis. Acredito que com o aprofundamento da perícia judicial, esses valores aumentem”, explicou Brotto.

Em três famílias que o advogado representa neste caso, há uma diferença significativa nos valores já depositados em juízo pela Prefeitura de Curitiba, com aqueles apurados depois da avaliação prévia feita por um perito judicial. Em um caso, o município disponibilizou R$ 650 mil, quando o valor indicado para ressarcimento é de R$ 902.500,00. Em outro, o valor acertado pela Prefeitura foi de R$ 970 mil. Porém, a avaliação imobiliária chegou a quantia de R$ 1.285.000,00.

Por fim, no terceiro caso a diferença é a mais significativa. A Prefeitura depositou R$ 730 mil, mas o valor real avaliado é de R$ 1.350.000,00, ou seja, quase o dobro da quantia disponibilizada pelo município. Somando todos os valores dos três casos que o advogado representa, a diferença da quantia a ser paga pelas três desapropriações será de R$ 1.187.500,00.

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Além da diferença nos valores, outro fator preocupa o advogado. Até o final do processo de desapropriações dos imóveis, os proprietários poderão usar somente 80% do valor. Brotto afirmou que a situação para alguns moradores chega a ser desesperadora. “Alguns moradores não têm para onde ir. É uma dificuldade extrema desses proprietários que dificilmente vão conseguir achar um lugar para morar usando somente 80% desse valor”, frisou o advogado.

Além dessa tentativa do reajuste dos valores dos imóveis, existe também um mandado de segurança que tenta comprovar a ilegalidade do decreto municipal das desapropriações. “Um dos fundamentos que usamos é que está sendo retirado um bem de um particular para favorecer um clube de futebol, que também é um particular. É uma situação fácil de ser explicada, mas o mandado está pendente de julgamento no Tribunal de Justiça. Se o mandado for nos dado favorável, os moradores não terão como voltar para suas casas, que deverão estar demolidas, mas terão que ser ressarcidos pelo clube e pela prefeitura”, finalizou Brotto.

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