Apesar de o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o inglês Max Mosley, ter afirmado ontem que a antecipação do treino de aquecimento (warm-up), de domingo para sábado, foi a única maneira de viabilizar o fim da proibição de reabastecer o carro entre a classificação e a corrida, a importante mudança ainda não foi oficializada.
Terça-feira os integrantes do Technical Working Group (TWG) da Fórmula 1, grupo que reúne representantes de vários segmentos da competição, reuniu-se em Londres, mas até ontem, pela ausência de notícia, é possível se concluir que ainda não há consenso a respeito do que deseja Mosley.
Os organizadores do GP do Brasil, quarta etapa do Mundial, dia 6 de abril, receberam ontem da FIA o programa oficial da prova. E o treino de aquecimento já foi alterado de domingo para sábado. “Bernie Ecclestone não deve ter gostado nada dessa mudança porque ele já havia comercializado a transmissão do warm-up com algumas emissoras de TV”, falou hoje Mosley. Depois o dirigente explicou as razões da escolha.
Só que no Circuito da Catalunha, por exemplo, onde Williams, Renault, Toyota, Jaguar, Jordan e BAR estão treinando, ninguém jura que a proibição de reabastecer os carros depois da classificação de sábado será mesmo efetivada. “Uma hora vale uma coisa, outra hora já não vale mais. Só vou falar o que penso do novo regulamento em Melbourne (abertura do campeonato), porque acho que só lá o conhecerei”, falou hoje Jarno Trulli, da Renault. Parece estar havendo uma queda de braço entre Mosley e as equipes. A FIA defende a implantação da medida já, mas representantes dos times e dos pilotos, a maioria, não a quer.
E a razão maior de Mosley pretender mudar radicalmente as regras esportivas da Fórmula 1, a Ferrari, deu mais uma mostra, hoje, do que pode realizar este ano. Michael Schumacher registrou com o novo modelo F2003-GA, em Ímola, o tempo de 1min20s441 (52 voltas), marca bem melhor que a pole position do GP de San Marino, realizado nesse mesmo circuito, ano passado, 1min21s532, estabelecida por ele próprio.
A propósito: Mosley anunciou a proibição de reabastecer depois da classificação, a fim de tornar a estratégia de corrida algo superimportante no resultado da prova e, dessa forma, diminuir a força da Ferrari, sexta-feira, três dias depois de acompanhar a eficiência do novo carro italiano, F2003-GA. Certamente não foi coincidência. Não há nada contra a Ferrari, que Mosley sempre defendeu, mas contra sua eficiência extrema, contrária aos interesses da Fórmula 1.