Depois de duas semanas, o Ninho de Pássaro volta a ser o palco de uma das principais manifestações esportivas do mundo, os Jogos Paraolímpicos, que entra em sua 13.ª edição, em Pequim.
Neste sábado (6), a cerimônia de abertura deu início a 11 dias de competições em 20 modalidades, com níveis de dificuldade que variam de acordo com a deficiência do competidor. Com simplicidade e leveza, as festividades em nada ficaram para trás do que fora apresentado na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, no dia 8 de agosto.
Com a premissa de ser o maior espetáculo paraolímpico até então, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim (Bocog) não hesitou em manter a expectativa alta com uma cerimônia colorida, marcada por pessoas com trajes iguais, porém de cores e numerações diferentes, evidenciando que, apesar de cada competidor possuir sua deficiência (física, mental, visual entre outras), são iguais em caráter, competitividade e, principalmente, espírito esportivo.
Após a formação do símbolo do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), as delegações fizeram suas apresentações. A delegação brasileira, a quarta maior dos Jogos, foi encabeçada pelo o judoca Antônio Tenório, tricampeão paraolímpico na classe B1 (cego total), categoria até 100kg, que foi o porta-bandeira.
Assim como acontecera nos Jogos Olímpicos, a delegação chinesa fechou o desfile das delegações e, apesar de contar com cerca de 83 milhões de deficientes, ainda lida com problemas sociais e morais em relação ao deficiente físico.
A expectativa é que a delegação chinesa venha a repetir o feito de Atenas/2004, quando terminou em primeiro no quadro de medalhas, com 63 de ouro, 46 pratas e 32 bronzes.
O ponto alto da cerimônia estava por vir após a passagem das delegações. Passando por todas as deficiências cobertas nos Jogos Paraolímpicos, o evento apresentou o encontro do “pássaro do sol” com um cantor cego, ávido pelo conhecimento da terra e do espaço, com estrelas representadas por 320 mulheres surdas.
Depois, Li Yue, de 11 anos, que perdeu uma perna durante o terremoto de Sichuan (mais de 80 mil pessoas mortas), foi a estrela de uma apresentação de balé, mostrando a integração entre os diferentes membros do corpo humano.
A superação física e mental continuou a ditar o ritmo da sutileza e beleza, com a apresentação das quatro estações chinesas ao ritmo do piano tocado por um pianista cego, acompanhado por uma senhora, contemplando as estações ao seu redor.
Duas mil crianças, vestidas de sapo, também participaram da festa, abrindo caminho para a apresentação da mascote dos Jogos Paraolímpicos, a vaquinha Fu Niu lele, escolhida por ser uma figura representativa na cultura chinesa, símbolo de tenacidade.
O presidente do Bocog, Liu Qi, no discurso de abertura, afirmou sua vontade de que os Jogos Paraolímpicos de Pequim ajudem na compreensão do mundo para com as pessoas com algum tipo de deficiência. “Os Jogos Paraolímpicos são uma oportunidade única, pois irão mostrar o amor pela vida, e a paixão e o sonho dos Jogos Paraolímpicos serão vividos”.
Após os discursos, o hasteamento da bandeira do IPC e a execução de seu hino, a tocha paraolímpica entrou no Ninho de Pássaro. Ela foi carregada por atletas chineses com diferentes deficiências, tendo como ápice o esforço do sexto carregador da tocha que, mesmo auxiliado por um dispositivo eletrônico, ergueu-se, através de uma corda, até o cume do Estádio.
As primeiras disputas, já com distribuição de medalhas, começam no domingo: basquete, bocha, ciclismo (pista), futebol de cinco, goalball, hipismo, judô, natação, tênis de mesa, tiro e vôlei.