Um dia antes de atingir a expressiva marca de 1000 jogos disputados pelo São Paulo, o goleiro Rogério Ceni fez mais um balanço dos seus 21 anos de clube. Nesta terça-feira, o ídolo reiterou a sua obsessão pela Libertadores ao revelar a meta de conquistar o título da competição continental no próximo ano. Além disso, lamentou a polêmica que se envolveu em 2001, quando teria recebido uma proposta do Arsenal para deixar o clube.
Na quarta-feira, Rogério Ceni completará 1000 partidas disputadas pelo São Paulo no jogo contra o Atlético-MG, válido pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Nesses jogos, marcou 103 gols e faturou dezenas de títulos. A obsessão pela Libertadores, porém, continua inalterado.
“Meu desejo é voltar para a Libertadores do ano que vem e ser campeão com 39 anos. Esse é o meu projeto. É difícil, só um ganha. Cada vez que entro em campo nesse ano é pensando em ser campeão brasileiro, fazer uma equipe ainda mais forte para ser campeão da Libertadores no ano que vem”, afirmou Rogério, que fez parte do elenco que foi campeão da Libertadores de 1992 e 1993, além de ter sido decisivo para a conquista do título em 2005.
Em 2001, Rogério viveu um dos momentos mais polêmicos da sua carreira. O goleiro declarou ter recebido uma proposta do Arsenal para deixar o clube. Presidente do clube na época, Paulo Amaral entrou em conflito com o jogador, defendendo que a oferta não existia e estaria sendo usada por Rogério para conseguir aumento salarial. O goleiro lamentou o incidente, declarou ter aprendido com a situação e criticou o ex-presidente.
“A polêmica foi o momento que tive mais predisposição de ir embora, mas foi superado. Aquilo passou, foi superado com o tempo. Fiquei fora por quatro semanas, não me arrependo de nada. Ser honesto neste País, às vezes parece não ser qualidade, você confia demais em alguém e tentam te derrubar”, reclamou.
“Ao longo da carreira, passei todas propostas que tive para os dirigentes. Em 2006, um time da Grécia tentou me tirar daqui e levei para eles. Teve o La Coruña, o Hannover. Sempre fui limpo. Me tentaram passar por desonesto, tem coisas que não posso dizer porque não tenho provas”.
O goleiro negou que esteja dedicando os últimos momentos da sua carreira para apenas bater recordes e atingir marcas expressivas, como os 1000 jogos disputados pelo clube e os 100 gols feitos, que foram alcançados em clássico contra o Corinthians, no último Campeonato Paulista. “Eu vivo o dia de hoje, não penso em recordes. Esse jogo está acontecendo porque teve 999 antes. Quero jogar enquanto tiver condições”, disse.
Em todos esses jogos que disputou pelo São Paulo, Rogério teve a companhia de vários zagueiros no sistema defensivo. E ele destacou Miranda e Lugano como os melhores parceiros. “Miranda, por ser o zagueiro de maior qualidade técnica. Vai ser difícil surgir outro como ele, que conseguia marcar qualquer um individualmente. Lugano, pelo espírito, chegou com limitações e evoluiu. Cortava a testa e não parava. O espírito e a vontade de vencer eram contagiantes. Pena que não jogaram juntos”.
O ídolo da torcida são-paulina agradeceu o apoio recebido da torcida, que esgotou os ingressos para o jogo contra o Atlético-MG. “Todos esses 999 jogos valeram a pena para ver esses torcedores. O maior presente é ter os torcedores aqui, no meio do Campeonato Brasileiro. A festa é para eles, o trabalho é para mim”, disse.
Rogério repetiu que a final do Mundial de Clubes de 2005, em que o São Paulo venceu o Liverpool por 1 a 0 e o goleiro teve a atuação perfeita foi a principal partida da sua carreira. “O mais legal é que vivi todos os 999 jogos com a mesma importância. Mas o maior, o mais marcante foi o do Liverpool”.
Vice-líder do Campeonato Brasileiro, com 38 pontos, o São Paulo busca o título nacional pela sétima vez. O goleiro, porém, rejeita pensar em conquista neste momento. “Não carrego esse peso hoje. O que carrego é ganhar do Atlético e digo isso para todos. Ainda tem 17 rodadas. Vamos viver cada dia. O peso possível de carregar é esse. O são Paulo arrancou bem em 2006, 2007, 2008 e até em 2009, mas não acredito em histórico”, disse.