Foto: Valquir Aureliano
O delegado Robson Barreto.

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos da Polícia Civil (Nurce) começa na semana que vem a fase mais importante da investigação na Federação Paranaense de Futebol e em sua célula Comfiar. A primeira etapa – coleta de provas e documentos – serviu para a polícia reforçar as suspeitas do cometimento de crimes comuns na FPF.

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?Agora o circo vai pegar fogo?, resume Robson Barreto, delegado-adjunto do Nurce e chefe da investigação. Ele começará convidando a depor dirigentes do Atlético, primeiro clube a fazer denúncias contra a Comfiar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Depois serão chamados cartolas de outros times do Estado e, por último, atuais dirigentes da FPF, da Comfiar e o ex-presidente Onaireves Moura, que ainda exerce influência sobre a entidade.

Na primeira etapa da investigação, o Nurce conseguiu a quebra de sigilos fiscal e bancário, juntou documentos contábeis, borderôs de partidas e outros papéis. Mesmo sem o resultado da quebra dos sigilos – já aprovados pela Justiça, mas ainda em processamento por parte do Banco Central e órgãos tributários – o delegado revela que o material reunido já proporcionou descobertas importantes. ?Há fortes indícios de que as denúncias que originaram o processo serão confirmadas?, afirma o delegado. O Nurce abriu o inquérito em maio para apurar a suspeita de desvio de verbas da FPF para a Comfiar com fins de sonegação fiscal.

Entre as irregularidades na Comfiar, já detectadas pelo Nurce, estão a falta de livros contábeis básicos, como livros-caixa, e a ausência de uma sede ou telefone próprios. ?A empresa se confunde de tal forma com a Federação que é difícil saber sua real atribuição. Você vai à FPF e não identifica onde está e quem responde pela Comfiar?, diz o delegado.

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Os borderôs dos jogos da Copa Paraná ainda registram o envio de 5% das rendas à Comfiar. Mas no depoimento preliminar à polícia, a FPF alegou que não vê a cor desse dinheiro. ?A Federação diz que a parte da Comfiar nem chegava aos cofres da entidade, pois era confiscada pela Justiça?, relata Barreto.

O Nurce desconfia dessa versão e suspeita que a Comfiar tenha obtido personalidade jurídica em 2006, justamente para canalizar as receitas que seriam retidas caso caíssem na conta da FPF, acionada judicialmente por causa de inúmeras dívidas.

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Outra negócio sob investigação é o destino dos R$ 350 mil referentes à venda dos direitos de transmissão do Campeonato Paranaense de 2007. Segundo o Nurce, todo o dinheiro foi depositado na conta da Comfiar. ?Vamos rastrear e identificar onde foi parar esse dinheiro?, falou Barreto.

O Nurce também investiga outra empresa suspeita de absorver verbas destinadas à FPF. Taxas corriqueiras pagas por clubes teriam sido depositadas numa conta do Banco Itaú, em nome do Colégio Técnico de Futebol Pinheirão Ltda. – entidade que não tem sede própria e jamais existiu de verdade.