CBV admite R$ 5,5 mi pagos em contratos suspeitos

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) pagou pelo menos R$ 5,5 milhões em contratos suspeitos a empresas ligadas a ex-dirigentes da entidade. Foi o que apontou o relatório da auditoria contratada pelo próprio organismo que controla a modalidade no País no início do ano e apresentado nesta quarta-feira, no Rio.

Em março, uma série de denúncias apresentadas pela ESPN informava que a CBV pagaria R$ 20 milhões em comissões a duas empresas. Do montante, R$ 10 milhões iriam para a S4G, que tem Fábio Azevedo, ex-dirigente da entidade e hoje membro da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) como um dos sócios, e outros R$ 10 milhões à SMP, de Marcos Pina, ex-superintendente da CBV.

Renan Dal Zotto, diretor de marketing da entidade, esclareceu em coletiva de imprensa que os contratos de fato existem, cada um deles com prazo de pagamento de cinco anos. A S4G recebeu R$ 2,9 milhões e teve o acordo rompido em julho do ano passado, enquanto a SMP recebeu R$ 2,6 milhões até outubro – este contrato ainda está vigente.

“Vamos fazer todo o possível para resolver judicialmente as questões que foram denunciadas e todas as que nós percebemos nestes quatro meses”, afirmou Dal Zotto. “(Queremos) responsabilizar quem estava à frente, quem sabe até buscar os recursos que foram pagos indevidamente”, disse.

Ex-jogador vice-campeão olímpico de 1984 e uma das estrelas do grupo conhecido como “geração de prata” do vôlei brasileiro, Dal Zotto disse que não se pode esquecer todos os avanços que a modalidade conseguiu no País nos últimos anos, mas admitiu que houve “falhas” na gestão da entidade. E prometeu mudanças. “Cada centavo que entrar na Confederação Brasileira de Voleibol vai ser reinvestido no voleibol”, assegurou.

O diretor também disse que o relatório da auditoria chegou à entidade na segunda-feira, e que na noite de terça fez questão de apresentá-lo aos técnicos Bernardinho e Zé Roberto, das seleções masculina e feminina. “Os dois vieram de Saquarema, no mesmo carro. É notório e público que existia, sim, uma animosidade entre os dois, mas hoje, mais do que nunca, eles estão imbuídos, conscientes de tudo isso que está acontecendo e aconteceu. É nos momentos de crise que estão as oportunidades”, disse Renan.

Dal Zotto também confirmou a notícia veiculada na terça-feira de que o escritório de advocacia de Valmar Paes, pai do prefeito do Rio, Eduardo Paes, possui contrato de R$ 2 milhões com a CBV, mas afirmou que o acordo é legal. Segundo o dirigente, o advogado presta serviços à entidade desde 2001. O acordo atual foi assinado em dezembro de 2011. Antes da coletiva, a CBV assinou contrato com a Fundação Getúlio

Vargas com validade de um ano. O objetivo é “fortalecer os mecanismos de gestão e governança” e aumentar as “práticas de transparência, prestação de contas, eficiência e representatividade”. O valor do contrato é de R$ 1,65 milhão.

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