Rio – Carlos Alberto Parreira em um cargo executivo e Paulo Autuori como técnico é a tendência hoje na CBF para a formação da nova comissão técnica da seleção. O Kashima Antlers, atual clube de Autuori, já teria traçado, inclusive, um plano B para a sua saída: contrataria Jorginho, o ex-lateral-direito tetracampeão em 1994.
Jorginho treinou o América durante o Campeonato Carioca e, a exemplo da comissão técnica da seleção, também desembarcou ontem no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Ele chegaria ao clube japonês sob as bênçãos de Zico. ?Ao sair do Kashima, onde joguei por quatro anos, os dirigentes falaram que voltaria como treinador. Mas ainda não sei de nada?, disse o ex-jogador.
Zico foi o responsável pela ida de Autuori para o Kashima. Até por causa do compromisso assumido com o ex-técnico do Japão, o treinador campeão mundial interclubes pelo São Paulo rechaçou o convite para comandar o Corinthians, em março. Na assinatura do contrato, um chamado para ser técnico do Brasil foi a única hipótese imposta por Autuori para poder deixar o Japão a qualquer momento.
Trunfos
Além de contar com a simpatia de Parreira, Autuori possui outros trunfos, como o excelente trânsito nas três principais praças do futebol brasileiro: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Com o São Paulo conquistou, além do Mundial, o título da Copa Libertadores da América, ambos em 2005. Pelo Cruzeiro, em 1997, o Estadual e a primeira conquista da disputa sul-americana.
E no Botafogo, o Campeonato Brasileiro de 1995. Soma-se a essas experiências o fato de já ter comandado uma seleção: a do Peru.
Mas o principal trunfo de Autuori é o de ser conhecido no meio como uma pessoa ética e equilibrada e com um passado sem nenhuma grande polêmica.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tem pavor de reviver os momentos de investigação provocados pela CPIs do Futebol e do Senado, caso Luxemburgo volte à seleção e traga com ele os seus problemas judiciais extra-campo.
Parreira esconde o jogo
Rio – Já Parreira, que optou por não enfrentar os cerca de 150 torcedores presentes ao aeroporto e saiu por uma porta lateral, concedeu uma entrevista ontem à tarde. Frisou que já tomou a decisão se permanecerá ou não na comissão técnica, mas espera o retorno do presidente da CBF da Alemanha para comunicá-la publicamente.
?Acho que no momento é irrelevante para o futebol brasileiro se o treinador vai continuar ou não?, despistou Parreira. ?Aconteça o que acontecer, quem pegar esse barco ou ficar – não interessa comentar o nome de quem vai continuar ou não -, acho que já começa a projetar alguma coisa para 2010.?
Parreira refutou a possibilidade de que tenha havido um ?racha? na seleção e disse que não é hora de inventar ?um bode expiatório? para o fracasso.
?Mago? quer dividir a culpa
Munique – Ronaldinho Gaúcho, o mais criticado pelo fracasso brasileiro na Alemanha, afirmou não admitir levar sozinho a culpa pela derrota. Ainda assunto no país da Copa, o craque da seleção usou sua coluna no Mundo Deportivo, jornal espanhol, para expor o aborrecimento com o tropeço do time e com o peso que vem carregando desde o início da competição. ?Se o Brasil ganha, todos ganham. Se o Brasil perde, todos perdem.?
Desde o início da disputa, a expectativa sobre seu desempenho era muito grande. Torcedores, jornalistas, técnicos e dirigentes esperavam vê-lo como destaque do mundial.
E quase ninguém imaginava eliminação precoce da equipe sul-americana – por causa principalmente, da presença de Ronaldinho. Nas bolsas de apostas da Europa, a seleção de Parreira era líder até sábado. Mas derrubou muita gente. E o meia-atacante do Barcelona tornou-se a grande decepção do evento.
Sorriso nervoso
No sábado, durante o sofrido confronto com a França, Ronaldinho trocou o sorriso descontraído, de alegria, por um sorriso nervoso. Ele foi, sem dúvida, um dos que mais se abateram com o fiasco brasileiro. ?Todos estamos tristes, não importa que chorei, porque a emoção é difícil de conter?, escreveu em seu artigo. ?Aceito todas as críticas, mas sempre há um amanhã que faz os tempos ruins serem esquecidos.?
O astro do Barça viveu situação parecida – embora com menor intensidade – há seis anos, na Austrália, onde o Brasil, amplo favorito, deu vexame e foi eliminado dos Jogos Olímpicos de Sydney por Camarões, nas quartas-de-final. Era, ao lado de Alex, o principal jogador da equipe, dirigida na época por Vanderlei Luxemburgo. Depois do desastre, seu futebol cresceu, os prêmios e os títulos começaram a surgir e ninguém mais se lembrou do fato.
