A Real Federação Espanhola de Futebol pediu ontem à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a expedição do Certificado de Transferência Internacional (CTI) do atacante Robinho. Até o início da noite, a entidade, no entanto, ainda não havia respondido. Mas as pretensões dos espanhóis serão negadas. Isso vai ocorrer na segunda-feira, por determinação do Santos. O direito de não liberar a emissão do CTI de Robinho cabe ao Santos e não à CBF, que unilateralmente não tem autonomia para o ato.
Em seu site oficial, a CBF publicou uma nota informando não concordar com a solicitação de transferência "nos termos em que está sendo proposta por não atender às exigências da Lei". E é justamente a legislação citada pela entidade, o Estatuto de Transferência de Jogadores da Fifa, que também lhe tira o poder de veto e a transforma somente em uma intermediária oficial da negociação.
O estatuto, em seu anexo 3, art. n.º 2, parágrafo 3.º, determina que tão logo receba a solicitação do CTI da nova confederação internacional (Real Federação Espanhola) responsável pelo novo clube de um atleta (Real Madrid), a CBF deverá imediatamente consultar o clube anterior (Santos) para saber se não há problema na negociação. E o parágrafo 6.º estabelece que, havendo uma disputa contratual entre o antigo clube, o jogador e a nova agremiação, a CBF não poderá expedir o certificado e caberá à Fifa decidir sobre o caso.
Na nota publicada no site, a CBF explicou que justamente pelo fato de Robinho ter em vigor um contrato com o Santos, do dia 30 de agosto de 2004 até 30 de janeiro de 2008, ficou caracterizado um rompimento unilateral (sem acordo das partes) quando enviou ao clube uma notificação solicitando a rescisão do compromisso.
Por fim, a CBF confessa ter recebido do Santos na quinta-feira a ordem para não liberar o CTI de Robinho, por não ter ocorrido um acordo para a negociação. E em tom velado ameaçou tanto a Robinho quanto a seu procurador Wagner Ribeiro lembrando que ambos podem ser punidos pela Fifa por suas condutas.
"A Fifa não admite ainda rescisão de contrato de maneira unilateral durante a realização de competição, o que pode sujeitar Robinho à aplicação de quatro meses de suspensão" escreveu no documento o diretor do Departamento Jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes. "O agente Wagner Ribeiro, que está orientando o jogador a não cumprir as suas obrigações contratuais, também pode ser punido pela Fifa."
Clube pode depositar US$ 50 mi por craque
Diante do novo impasse na novela envolvendo a contratação de Robinho, o Real Madrid já pensa em depositar na segunda-feira os US$ 50 milhões da multa pelo rompimento unilateral do contrato com o Santos. Depois disso, numa segunda etapa, o jogador entraria na Justiça para reivindicar sua parte no negócio – os 40% de seus direitos, ou seja, US$ 20 milhões.
Essa informação foi dada por uma pessoa que está em contato diário com o jogador. De acordo com a fonte, na noite de quinta-feira, Ronaldo telefonou para Robinho perguntando se ele estava feliz com o fim da novela de sua transferência para o Real.
Robinho respondeu que estava triste porque a situação teria se complicado outra vez. "Então, pode comemorar porque o Real vai depositar os US$ 50 milhões na segunda-feira", teria dito Ronaldo.
Novela
O depósito dos US$ 30 milhões feito na quinta-feira não deu resultado esperado pelo Real. Esse dinheiro corresponderia aos 60% a que o Santos teria direito na negociação, mas o clube brasileiro quer receber o valor integral da multa e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já deu razão aos dirigentes santistas.
Mas o Real está determinado a fechar a contratação de Robinho e, inclusive, acha que essa novela já demorou demais. E, por isso, estuda desembolsar os US$ 50 milhões.
Mesmo porque, o Real já anunciou a contratação do atacante brasileiro em seu site oficial e quer evitar um vexame mundial.
Silêncio
Enquanto isso, duas partes importantes da história preferem não se manifestar. A Fifa avisou que só vai falar sobre o caso quando e se for acionada. E o presidente do Santos, Marcelo Teixeira, segue sem dar entrevistas.