Marco Polo Del Nero tomou posse nesta sexta-feira para o mais curto dos seus quatro mandatos à frente da Federação Paulista de Futebol (FPF). No dia 16 de abril ele renunciará ao cargo em favor de seu vice, Reinaldo Carneiro Bastos, para assumir a presidência da CBF em lugar do amigo José Maria Marin. E na entrevista que deu, falou mais dos planos para a entidade nacional do que para a estadual, como revelar que a partir desta segunda entra em vigor novo regulamento de registro de jogadores.
A intenção é dar mais transparência ao mercado do futebol e diminuir a participação de empresários na compra e venda de atletas. Os clubes terão de informar à CBF, além dos valores das negociações, quem são as pessoas e empresas envolvidas. “Está bem claro que o clube, ao fazer uma negociação, tem de avisar à CBF tudo o que aconteceu: qual é a participação do atleta, do empresário, como foi feito o negócio, enfim, tudo será relatado e podemos até enviar esses dados à Fifa. Será muito difícil ter caixa 2”, disse Del Nero.
A decisão da CBF de mudar o sistema de registro de jogadores faz parte de uma ofensiva da Fifa contra os empresários. A partir de 1.º de maio, a participação de investidores nos direitos econômicos de jogadores estará proibida. Qualquer acordo assinado entre o início do ano e o dia 30 de abril terá validade de apenas um ano – contratos firmados antes de 31 de dezembro não sofrerão alterações.
Segundo Del Nero, além da vontade da Fifa, foi desejo dos clubes a mudança no regulamento de transferência de jogadores. Hoje muitos dirigentes reclamam que estão refém do poder financeiro dos fundos de investimentos, inclusive nas categorias de base. “Não é a CBF que quer. Essa é a vontade dos clubes. Nós somos meros mandatários e cumprimos missões. Os mandantes são os clubes. É evidente que isso não era feito no passado, mas na administração do Marin temos feito isso muito fortemente. Os clubes têm assento e lugar dentro da CBF e discutem os assuntos com a gente”, disse.
A Fifa estima que os empresários movimentem US$ 360 milhões (R$ 956,7 milhões) por ano, o que representa aproximadamente 10% do montante relativo a transferências de atletas em todo o mundo. Estudo feito pela empresa de consultoria e auditoria KPMG apontou que quase 90% dos jogadores inscritos na Série A do Campeonato Brasileiro têm seus direitos econômicos compartilhados entre clubes, investidores e familiares.