Tudo que se quer é que os clubes tenham mais responsabilidade com o dinheiro que recebem – e principalmente com o que gastam. E, na teoria, ontem surgiu uma possibilidade de organizar a confusão. A conta é essa: atraso de salário = perda de pontos no Brasileirão. Mas para a equação, aparentemente simples funcionar, o atleta vítima da inadimplência terá de se tornar delator do próprio clube. A ‘solução’ para buscar o fair play financeiro e trabalhista, tão debatido no futebol nacional, foi anunciada após o congresso técnico da CBF (veja o quadro com os detalhes da tabela), e já nasceu contestada.
“Não tem chance nenhuma de funcionar. É uma situação que discutimos um monte com a CBF. Quem denunciar será retaliado depois. Eles mais uma vez mostram que não estão nem aí para o jogador”, cravou Alex, um dos líderes do movimento Bom Senso FC, cuja a responsabilidade orçamentária dos clubes é uma das principais bandeiras.
Apesar da aprovação unânime da medida, houve controvérsia entre cartolas sobre o formato e a aplicação ainda neste Brasileiro. O tema será debatido e incluído no regulamento da competição estabelecendo quais critérios serão adotados. “O dirigente tem de trabalhar de acordo com a sua receita. Pode até haver um receio do atleta em um primeiro momento. Mas isso será sistematizado e vai obrigar os dirigentes a terem responsabilidade”, defendeu o presidente do Coritiba, Rogério Bacellar, presente no encontro, assim como o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia. “Acho que ninguém pode assumir compromissos maiores do que a sua capacidade de pagamento”, defendeu o mandatário rubro-negro, em entrevista à rádio Banda B.
Mata-mata é discutido
Após a aproximação caseira para defender os interesses dos clubes, a dupla Atletiba estará junta na comissão criada ontem pela CBF para estudar e sugerir propostas que podem até mudanças na fórmula de disputa do Brasileirão, incluindo a volta do mata-mata nas fases decisivas. A renegociação das cotas de tevê é outra incumbência do grupo, formado também por Vasco, Grêmio, Flamengo e Santos.
“Um dos pontos mais importantes será essa conversas a ser agendada com a Globo. Foi uma iniciativa da própria emissora e vamos conversar sobre os valores da tevê, pay-per-view. A ideia é buscar um equilíbrio maior”, explicou o presidente do Coxa, Rogério Bacellar. Quanto à discussão sobre o mata-mata, o dirigente alviverde disse que não analisou qual cenário seria mais interessante. Mesmo que aprovada, a medida não seria implantada este ano e dificilmente também em 2016.