A CBF ensaia um apoio à candidatura da América do Norte para sediar a Copa do Mundo de 2026. Mas, antes, quer barganhar. A Fifa tomará uma decisão sobre o Mundial em junho, em uma votação marcada para Moscou.

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De um lado, a candidatura conjunta de Estados Unidos, México e Canadá representa uma garantia financeira para a Fifa e uma certa estabilidade. Mas, nas últimas semanas, cresceu o apoio à ideia de que o Marrocos possa pelo menos atrapalhar os planos dos norte-americanos.

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Em termos de qualidade e de capacidade de organização, não restam dúvidas sobre a superioridade do trio americano, principalmente diante do fato de que a edição de 2026 da Copa do Mundo será a primeira com 48 seleções.

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Mas, na Fifa, as últimas definições de sedes não tiveram relação com aspectos técnicos. O que contou para a Rússia ser escolhida para a Copa de 2018 e o Catar para a de 2022 foram outros fatores, inclusive políticos. Também se investiga a possibilidade de que ambos os países tenham desembolsado dinheiro para comprar votos, o que tanto Moscou como os árabes negam.

No caso da edição de 2026, um Mundial em fuso horário semelhante ao da América do Sul teria amplo apoio de redes de televisão, ávidas por mostrar jogos em horários nobres. Garantir ainda um Mundial nos Estados Unidos em 2026 seria ainda retirar da competição para 2030 uma eventual nova candidatura americana, sendo que Uruguai, Argentina e Paraguai querem receber o Mundial de 2030.

Na CBF e na Conmebol, porém, a percepção é de que o alinhamento com os norte-americanos não poderia ser automático. Com a avaliação de que a Fifa está sendo controlada cada vez mais por interesses europeus, a percepção de muitos cartolas na região sul-americana é de que existem sinais de que a Concacaf pode passar a se alinhar em diversos assuntos com os europeus, deixando a Conmebol marginalizada em decisões importantes da gestão do futebol.

Para que haja um acordo, portanto, a CBF e a Conmebol querem garantias de que poderão também contar com o apoio dos votos norte-americanos em assuntos que sejam de seu interesse.

Como exemplo da predominância cada vez maior da Europa na agenda da Fifa, a entidade já deu sinal verde para que a Liga de Nações, organizada pela Uefa, possa substituir amistosos e agora avalia criar um novo torneio de seleções de base, eliminando os Mundiais Sub-20 e Sub-17.

A avaliação dos europeus é de que, hoje, um jogador de 19 ou 20 anos já é profissional e os clubes europeus não estão dispostos a liberar esses atletas para tais competições por suas seleções. Tanto a CBF como a Conmebol são contrárias, insistindo que esses jogadores não podem “queimar etapas”.

MUNDIAL DE CLUBES – Outro tema que deve ser tratado na reunião do Conselho da Fifa, nesta sexta-feira em Bogotá, é a criação de um novo Mundial de Clubes. O Estado apurou que, nos últimos dias, uma proposta formal foi apresentada aos cartolas com um torneio de 24 clubes. O problema, segundo a Conmebol, é que 12 deles seriam europeus. O restante das vagas seriam repartidas entre América do Norte, Oceania, África, Ásia e América do Sul.

Na proposta original, seriam apenas quatro times sul-americanos no torneio, algo considerado como inaceitável. Uma variação do mesmo torneio poderia incluir até seis times, mas, nesse caso, das Américas.