As delegacias de polícia estão rivalizando com os estádios como palcos principais do futebol paranaense. Após a prisão do ex-presidente Onaireves Moura e oito funcionários e dirigentes da Federação Paranaense de Futebol (FPF), mais um escândalo pode complicar a situação de outros diretores da entidade.
O caso ?Bruxo 2? ganhou novo fôlego esta semana, no 1.º Distrito Policial, em Curitiba. No inquérito são investigados, além de Moura, o ex-presidente da Comissão de Arbitragem, Fernando Luiz Homann; o ex-diretor da escola de árbitros, Nélson Orlando Lemkhul, e José Carlos Marcondes, que também dirigiu a Comissão de Arbitragem e é o atual diretor da Escola de Árbitros.
Ontem, o ex-árbitro Amoreti Carlos da Cruz foi ouvido sobre o caso na delegacia. Hoje, é aguardado o depoimento de outro árbitro aposentado, José Francisco de Oliveira, o Cidão. Marcondes também será chamado a depor nos próximos dias.
Bruxaria
As investigações do 1.º DP têm como base o inquérito do auditor Paulo César Gradella, do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). Ele foi aberto para apurar denúncias feitas pelo Paraná-Online em 2005, por um ex-jogador do Engenheiro Beltrão que acusou o clube de ter subornado árbitros para subir para a Série Ouro do Campeonato Paranaense, no ano anterior.
O caso ganhou força com a inclusão de uma denúncia de Cidão, que acusou Moura de vender ao Ponta Grossa o resultado de uma partida contra o Prudentópolis, por R$ 50 mil, no Estadual de 2000. Também estão incluídas gravações de uma conversa em que Fernando Homann relata a Amoreti o envolvimento de Moura e Marcondes em manipulação de escalas de arbitragem e favorecimento a times envolvidos no esquema de corrupção.
Pizza
Em seu inquérito, Gradella indiciou Moura, Homann, Lemkhul e Marcondes em vários artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), com penas que poderiam chegar à eliminação do futebol. O caso virou pizza no TJD, quando o presidente José Roberto Hagebock decidiu arquivá-lo, em outubro do ano passado, por entender que os prazos já estavam prescritos.
Porém, a polícia parece disposta a não deixar o assunto morrer. Depois de passar pela Procuradoria-Geral do Estado e pela Promotoria de Investigação Criminal, o caso chegou ao 1.º DP, que está trabalhando para concluir o inquérito e encaminhá-lo à Justiça.
Desfalque
As investigações podem levar a mais desfalques na FPF. Apesar do envolvimento no caso e da denúncia que poderia afastá-lo definitivamente do futebol, José Carlos Marcondes foi mantido na diretoria da entidade pelo atual presidente, Aluízio Ferreira. Recentemente, ele foi nomeado para o cargo de diretor da Escola de Árbitros, no lugar de Nélson Lemkhul. Segundo o endereço oficial da FPF na internet, Lemkhul agora ocupa o cargo de diretor do Centro Poliesportivo Pinheirão.
Os outros envolvidos estão afastados da FPF, pelo menos oficialmente. Moura continua preso no Centro de Triagem, em Piraquara (matéria na pág. 7). Homann segue cumprindo suspensão de dois anos aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em 2006, no julgamento do primeiro caso ?Bruxo?. Cidão e Amoreti foram banidos do esporte pelo STJD, também por envolvimento no ?Bruxo 1?.