Casillas é um jogador acostumado a levantar taças. Como capitão da seleção espanhola, ergueu os troféus da Eurocopa (2008 e 2012) e da Copa do Mundo (2010). O goleiro desembarcou no Brasil na semana passada novamente com a tarja de capitão no braço esquerdo e o desejo de se tornar o primeiro jogador na história a erguer a taça em duas Copas. O sonho, porém, virou pesadelo nesta quarta-feira no Maracanã e restou a Casillas pedir desculpas aos espanhóis. “Quero pedir perdão para os torcedores. Fizemos o possível, mas não pode ser assim, somos os únicos responsáveis”, disse o goleiro do Real Madrid.
Casillas é um dos vilões da eliminação espanhola. Ele chegou ao Brasil a apenas 85 minutos de superar o recorde de Walter Zenga como goleiro que ficou mais tempo sem tomar gols em Copas do Mundo. Em 1990, o italiano ficou 517 minutos sem ser vazado. Já Casillas acumulava 433 minutos – o último gol sofrido havia sido contra o Chile, ainda na primeira fase do Mundial de 2010.
A possibilidade de quebrar esse recorde acabou aos 40 minutos do primeiro tempo contra a Holanda, com o golaço de Van Persie, que percebeu Casillas adiantado e mandou de cabeça para a rede. No segundo tempo, nova falha diante do holandês. Nesta quarta, em mais uma jornada infeliz, o goleiro mandou a bola nos pés de Aránguiz no lance do segundo gol chileno.
Mas o capitão evitou falar em culpados pelo vexame espanhol. “Temos de pensar no futuro. Não tivemos sorte. Creio que não é hora de achar culpados ou pensar em mudar. Todos temos de analisar os erros da equipe e não culpar os companheiros. Meus companheiros já me deram muitas alegrias, então temos de ser dignos no momento da derrota.”
O goleiro também não quis falar sobre a necessidade de renovar a seleção com atletas mais jovens. “É preciso lembrar das coisas boas que essa seleção possui e, por isso, não acredito que seja o dia para falar de mudança de geração”, disse. Casillas, porém, admitiu que a goleada para a Holanda na estreia não foi bem digerida pelo grupo e que isso atrapalhou o rendimento da equipe, ainda abalada psicologicamente pelo revés na estreia. “Sofremos um golpe muito duro e não fomos capazes de reverter. Ninguém pensou nisso, mas o adversário (Chile) joga também. Quatro anos atrás, vivemos o lado positivo da Copa e agora tivemos o negativo”, disse.
LAMENTAÇÕES – Iniesta, outro líder da equipe que participou das recentes conquistas da Espanha, negou que a equipe, por causa do favoritismo, tenha sido displicente contra o Chile ou que tenha faltado raça ao jogadores mais experientes, que já acumulam vários títulos pela seleção. “Não perdemos por falta de querer ganhar. O problema é que não estávamos à altura da situação do jogo por mais que nós quiséssemos”, disse. O desafio dos jogadores agora, segundo o meia do Barcelona, é reconstruir a equipe. “É uma situação difícil para todos, estávamos no lugar mais alto por muito tempo, agora estamos no mais baixo.”
O volante Xabi Alonso, 32 anos, substituído no intervalo após um primeiro tempo pífio – errou o passe que deu origem ao primeiro gol e perdeu algumas divididas -, disse que sofreu nesta quarta a pior derrota da carreira. “É a derrota mais dolorosa da carreira, machuca muito o orgulho. O futebol é assim e temos de saber perder”, afirmou. Para ele, no entanto, o time perdeu por detalhes. “Foi um fracasso inesperado, esperávamos ir às alturas”. (Colaborou Ronald Lincoln Jr.)