A escolha de Dunga para substituir Luiz Felipe Scolari na seleção brasileira – a CBF deve confirmar ainda nesta terça-feira a contratação do capitão da equipe campeã mundial de 1994 – é, em parte, uma estratégia para tentar blindar a cúpula da entidade. A aposta é de que o estilo “bateu-levou” de Dunga e sua disposição para o confronto com os críticos servirá de escudo para os principais dirigentes da CBF.
A reportagem ouviu cinco personalidades influentes do futebol brasileiro. Entre pessoas próximas ao presidente da CBF, José Maria Marin, dirigentes de federações e o ex-secretário geral da entidade Marco Antonio Teixeira, o discurso era semelhante.
“A CBF usou o Gilmar Rinaldi (nomeado coordenador geral de seleções) para chegar ao Dunga. Todo mundo sabe que o Dunga não deixa nada nem ninguém sem resposta. Marin e Marco Polo Del Nero (futuro presidente) acreditam que isso pode desviar um pouco o foco das investigações que o Congresso quer reavivar na entidade”, disse Marco Antonio.
Um amigo de Marin contou que na semana passada, logo depois da definição sobre Gilmar Rinaldi, a CBF trabalhou com a hipótese de convidar Leonardo, também campeão em 1994, para ocupar o cargo de treinador. O nome do ex-atleta esteve na agenda de Marin e Del Nero, mas não se consolidou por causa de seu perfil, considerado “brando” demais.
Segundo outra fonte, Rinaldi ratificou a indicação de Dunga e enfatizou algumas qualidades e características do amigo: competente, líder, disciplinador e também preparado para confrontos. Rinaldi e Dunga se conheceram nos anos 80, quando atuaram pelo Internacional.
Um presidente de uma influente federação estadual de futebol, que fez oposição ano passado a Marin e Del Nero, resumiu o que pensa sobre as mudanças na comissão técnica da seleção. “Felipão afirmou que iria até o inferno para proteger seus jogadores. Dunga faria o mesmo e mais um pouco: defenderia seus atletas e também a CBF. É um acordo tácito.”