Bate-boca, alfinetadas, atitudes antidesportivas: as diretoria de Atlético e Coritiba passearam entre a provocação normal e a baixaria nos momentos que antecederam a decisão. No final, houve quebradeira e promessas de vingança nos próximos jogos.
A confusão começou na véspera, quando a diretoria do Atlético resolveu proibir a entrega de troféus dentro da Arena, no caso de conquista do Coritiba. A alegação era que as declarações do presidente alviverde Giovani Gionédis, chamando o estádio de ?salão de festas?, criou um clima de revolta, e que o Rubro-Negro não se responsabilizaria pela segurança. Todas as taças ficaram no carro da FPF, fora do estádio – se necessário, seguiriam até o Couto Pereira, onde aconteceria a cerimônia no caso de vitória coxa-branca.
Gionédis contra-atacou, chamando o presidente atleticano de ?verde-e-branco deslumbrado? e ameaçando denunciar o clube rival no Tribunal de Justiça Desportiva.
Pouco antes do jogo, mais confusão. Os coxas brancas acusaram o Atlético de cortar parte da luz, a água e o ar-condicionado do vestiário, e de instalar caixas de som com volume ensurdecedor. A porta que dá acesso direto do vestiário ao gramado foi trancada – os goleiros Fernando e Douglas tiveram que dar a volta pelo estacionamento para se aquecer. ?Eles (Atlético) acham que assim vamos nos intimidar e deixar de jogar bola?, falou o auxiliar Eudes Pedro. Gionédis apareceu e mostrou revolta. ?Esse estádio parece o pior, e não o melhor do mundo. No Couto Pereira, da próxima vez, vão descer na rua?.
No estádio, torcida dá exemplo aos cartolas
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Torcida atleticana esgotou todos os ingressos e pôde comemorar a vingança contra o maior rival. |
O clima das torcidas era de festa. Tanto do lado atleticano quanto do alviverde, os torcedores cantavam vitória antes do clássico que apontou o campeão do Estado em 2005, muita alegria, palavras de ordem, as tradicionais musiquinhas de provocação e pouco trabalho para a Polícia Militar.
Na esquina da rua Madre Maria dos Anjos com a Brasílio Itiberê, ponto de acesso da torcida do Coritiba, uma fila de políciais impedia a entrada de torcedores sem ingresso até os portões do estádio. Neste ponto, cerca de 500 torcedores consumiam cerveja, refrigerante e ?zoavam? os adversários.
Pelo lado atleticano, muita gente também, mas com diversos acessos, não houve aglomeração. A exceção ficou por conta da rua Capitão Mena Barreto Monclaro, onde a organizada ?Os Fanáticos?, praticamente tomou conta do espaço entre a Brasílio Itiberê e a Praça Afonso Botelho, fazendo bagunça e cantando os ?hits? dos gritos de guerra que costumam ecoar nas arquibancadas de seu estádio.
Guerra de nervos
O maior problema, no momento anterior à bola rolar, aconteceu na entrada dos troféus na Kyocera Arena. O funcionário da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Isaac Ramos Ferreira, primeiro foi impedido de entrar no espaço que dá acesso ao gramado, a sala de imprensa, com os troféus, por falta de a FPF enviar uma lista com os funcionários da entidade que iriam trabalhar na decisão.
Logo depois, no entanto, o vice-presidente da entidade, Paulo César Silva, resolveu o problema da entrada dos funcionários, mas lamentava muito a atitude da diretoria atleticana, que impediu que a premiação fosse feita no seu estádio, caso o Coritiba fosse campeão.
?É lamentável, pois mostra que falta atitude profissional aos dirigentes dos dois clubes. Uns falam coisas que não deviam, outros tomam posições típicas de torcedores?, reclamou Paulão, acusando tanto o presidente coxa, Giovani Gionédis de ter falado besteira quando disse daria a outra meia volta olímpica, quanto João Augusto Fleury da Rocha, por ter ?rasgado? o protocolo que havia sido acertado na reunião do último dia 05 de abril.
No final porém, foi possível entregar todos os troféus, com exeção ao de vice-campeão, que foi entregue no vestiário do Alviverde.
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