Carrasco sofreu interferência direta em seu trabalho

(colaboraram Armindo Berri e Altair Santos)

O técnico uruguaio Juan Ramon Carrasco deixou o Atlético, ontem, convicto de que foi boicotado dentro do clube. Uma fonte ligada ao treinador, ouvida pelo Paraná Online, afirmou que há pelo menos um mês ele sentia que não teria um ciclo de vida longo no CT do Caju. Carrasco não foi o primeiro e, pela forma como a diretoria atual comanda o clube, não será o último. Afinal, desde 1995, já passaram 63 técnicos pelo Furacão. Fazendo uma conta simples, em média cada um deles durou 3 meses e meio.

O uruguaio emplacou quase seis meses, mas precisou ter estômago para conseguir comandar a equipe em 36 jogos, obtendo 22 vitórias, 7 empates e 7 derrotas, com aproveitamento de 67%. Já na reta final, não mandava mais na tática nem na escalação do time. Adepto de um estilo ofensivo, ele teve liberdade de agir até no final do primeiro turno do Campeonato Paranaense, quando foi campeão e assegurou a presença do Rubro-Negro na decisão do Estadual. O divisor de águas foi a derrota por 2 x 0 para o Arapongas, na 1.ª rodada do returno. “A partir daí, os primeiros pitacos começaram a aparecer e Carrasco começou a sentir as primeiras incomodações”, cita a fonte.

Estas interferências acabaram dizimando o treinador. O uruguaio teve de aprender a lidar com os recadinhos que eram mandados do presidente Mário Celso Petraglia ao diretor de futebol Sandro Orlandelli. Esse tornou-se um contumaz boicotador do trabalho de Juan Ramon Carrasco. A ponto de sábado passado, já sentindo que o técnico não teria mais sustentação, orientou paralelamente a equipe à beira do gramado na derrota por 2 x 0 para o CRB, no estádio Rei Pelé.

Carrasco não tinha autonomia nem para escalar os jogadores. Para poder contar com Paulo Baier, por exemplo, ele precisava do “sim” da fisiologia, que era quem decidia se o meio-campo entraria em campo ou não. Quanto a Morro García, a ordem era explícita: não escale – mesmo com o jogador barbarizando nos treinos e marcando até dois gols em cada coletivo. Por outro lado, teve de engolir Guerrón, a quem ele julgava ser um atleta “displicente”.

Só que, a pretexto de conseguir vender o jogador, a diretoria ordenava e Orlandelli determinava que o “gringo” tinha de jogar. Foi assim no Atletiba decisivo do Campeonato Paranaense. Carrasco não queria Guerrón entre os titulares. A escalação acabou imposta, pois foi alegado que haveria um “olheiro” no Couto Pereira para ver o jogador. O equatoriano foi para a partida e deu no que deu: perdeu o pênalti que definiu o título a favor do Coritiba.

O técnico, que deve ficar em Curitiba até o final da semana, lamentou também não ter sido ouvido sobre contratações. Apenas dois jogadores chegaram por sua indicação: Martín Ligüera e Gabriel Marques. “Ele indicava nomes para chegar e jogar. Como não tinha opção, apelava para a improvisação”, revela a fonte. Carrasco foi comunicado oficialmente ontem cedo que não era mais o técnico do Atlético, após comandar o treino da manhã no CT do Caju.

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