O técnico Juan Ramon Carrasco volta para o Uruguai hoje, depois de cinco meses em Curitiba, e com o gosto de frustração por não ter conseguido cumprir seus objetivos no Atlético. “Dói pela família e pela comissão técnica, que têm que fazer as malas. E pela ilusão de levar o time para a Primeira [Divisão], de jogar na Arena, que todo mundo fala que é impressionante, e não ter terminado o trabalho”, lamentou o uruguaio.
A demissão, anunciada para ele na terça-feira, demorou a ser digerida. Mais tranqüilo ontem, o treinador adotou o discurso polido, agradeceu a oportunidade no clube, mas lamentou ter sido demitido pela “cultura do futebol brasileiro” e por não ter sido procurado para uma conversa antes da sua saída. Carrasco disse não entender por que lhe foi pedido para não utilizar o mesmo esquema, fosse em casa ou em partidas fora, que foi a situação pontual para definir sua saída. “Por que tem que ser mais conservador? Isso foi a única coisa ruim. A cultura aqui é mudar quando joga de visitante. No começo não tinha pressão, porque estávamos buscando a identidade do time, não tinha limites e ganhamos o primeiro turno”, lembrou o treinador.
O que também desagradou Carrasco foi o fato de a demissão ter sido sumária sem qualquer conversa prévia ou uma limitação de tempo para dar repostas melhores quanto aos resultados. “Por que não nos deram um ultimato? Perdemos dois jogos como visitante, mas poderiam pelo menos esperar o próximo e aí, se você não ganhar ou mesmo empatar, lamentavelmente vai embora””, explicou.
Ele admitiu que chegou a pensar em deixar o clube antes de sua demissão, mas acabou aceitando as imposições e hoje na poderia se fazer de vítima. “Tenho que pensar nos meus companheiros, na minha família e aceitei as regras. Isso houve em algum momento”, disse Carrasco, que estuda uma proposta do futebol chileno.
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