José Hidalgo Neto, mais conhecido como Capitão Hidalgo, jogou no Coritiba na posição de meio-volante. Foi nas décadas de 1970 as conquistas mais importantes pelo clube – Torneio do Povo de 73, Torneios Internacionais, Fita Azule o pentacampeonato estadual.
Capitão Hidalgo nasceu em São Paulo em 1943. Iniciou sua carreira como jogador pelo Clube Atlético Juventus. Chegou ao Coritiba no início de 1970, onde fez sua história no clube.
Abandonou os gramado em 1975, ano que se tornaria o principal comentarista esportivo na rádio paranaense. Desde 1995, Capitão Hidalgo é cidadão curitibano. Veja a entrevista cedida pelo craque à equipe do Paraná Online.
Paraná Online: Como foi sua trajetória no Coritiba?
Capitão: Eu vim de São Paulo, no dia 12 de janeiro de 1970. Vim para ficar um ano, precedido do Santos. Fiquei e fechei meu ciclo como jogador no ano de 1975. Período maravilhoso que o futebol paranaense começou a mostrar sua cara.
Paraná Online: O senhor excursionou, tanto para Europa quanto para África.Como foi o desempenho do Coritiba nessa época?
Capitão: Naquela época, procurava-se estender um pouco mais a imagem do futebol brasileiro e o acordo feito com o então presidente Evangelino com a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) fez com que o Coritiba, que estava só erguendo, então foi fazer alguns torneios internacionais e com isso o nome do Coritiba foi sempre levado a uma condição maravilhosa. Pelo belo desempenho no exterior, o Coritiba pôr conquistar a Fita Azul de 1972.
Paraná Online: O Torneio do Povo também foi algo totalmente novo para o Coritiba. Qual era a dificuldade do torneio?
Capitão: Bom, o Coritiba foi convidado por João Havelange a participar do torneio através de dirigentes daqui e do Rio de Janeiro. Foi dado uma chance e o Coritiba fez uma ótima campanha. A diferença de outras competições é que o torneio contava com grandes clubes da época.
Divulgação |
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O jogo na Bahia que deu o título, do Torneio do Povo, ao Coritiba foi o 1.º título nacional para o sul do Brasil. |
Paraná Online: Houve algum momento engraçado ou situação inusitada durante a sua permanência no Coxa?
Capitão: Eu inventava que sabia falar em francês e brincava com os jogadores nos treinos, no vestiário. Mas eu não sabia era nada. Eu só recitava um trecho de um poema que aprendi na escola que coloca em música, em tudo Quando fomos à França em 72 para uma de nossas excursões, eu tive tanto azar. Estava comigo o Nilo e juntaram outros companheiros por acharem que eu sabia francês. Passou em nossa frente um francês, querendo informação e eu não soube responder. Os companheiros ficaram enfurecidos e foram contar à delegação que eu não sabia nada.
Paraná Online: Você ainda guarda uma grande amizade daquela época?
Capitão: Sim, com muitos deles. Ainda em Curitiba tem o Cláudio Marques, Kruger, Aladim, Jairo. Há muitos jogadores do meu tempo que estão aqui. A convivência é muito bacana.
Paraná Online: Qual foi o jogo inesquecível, que você pode afirmar que é a partida da sua vida?
Capitão: O jogo na Bahia que deu o título, do Torneio do Povo, ao Coritiba. Foi o primeiro título nacional para o sul do Brasil.
Paraná Online: Há um gol especial?
Capitão: Na minha posição era um jogador mais de proteção, ajudando a zaga, um cabeça de área. Como volante eu cheguei a fazer 13 gols. Lembro, de um jogo contra o Ceará, eu fiz um gol importantíssimo. O Coritiba fez 1×0 e o Ceará virou para 2×1. Quando o placar marcava 2×2, eu me despontei como ponta-de-lance e fiz o terceiro gol. Aí abriu-se as portas para a grande vitória por 4×2.
Paraná Online: Muitos times que jogaram com o Coritiba na época da sua fundação faliram ou se fundiram com outros clubes. Como o senhor vê essa evolução do Coxa?
Capitão: A história do Coritiba é muito bonita desde 1909. Ao longo dos anos, após a sua fundação, ele teve grandes dirigentes, grandes jogadores. E você vai construído a história do clube com títulos, com conquistas. E preservar tudo isso, como o Coritiba faz, não é tão fácil assim.
Paraná Online: Deixe uma mensagem à torcida coxa-branca.
Capitão: Sou do tempo que as torcidas iam ao estádio fazendo alegorias. Transmito aqui, aos torcedores, continuem e conservem e conservem esse sentimento pelo clube. Vocês são os propulsores para que o Coritiba continue a existir por muito mais tempo.
Projeto realizado em parceria com alunos da Faculdades Eseei.
